Ciência

O próximo grande desastre vulcânico pode causar caos global — e o mundo não está preparado

Cientistas alertam que uma erupção de proporções históricas pode ocorrer neste século, com impactos devastadores em um planeta já afetado pelas mudanças climáticas.

Erupções como a do Monte Tambora em 1815 mostram o impacto devastador que um evento vulcânico pode ter no planeta. (Juan Medina/Reuters)

Erupções como a do Monte Tambora em 1815 mostram o impacto devastador que um evento vulcânico pode ter no planeta. (Juan Medina/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 10h18.

Em 1815, o Monte Tambora, na Indonésia, protagonizou a maior erupção vulcânica registrada na história, levando a uma queda global de temperaturas, falhas nas colheitas, fome generalizada e até uma pandemia de cólera.

Mais de 200 anos depois, especialistas alertam que um evento similar pode ocorrer a qualquer momento, com consequências potencialmente ainda mais graves para o mundo atual, segundo informações da CNN.

De acordo com Markus Stoffel, professor de climatologia da Universidade de Genebra, há uma chance de 1 em 6 de uma erupção massiva neste século. Esses eventos são marcados pela liberação de dióxido de enxofre na estratosfera, onde partículas aerossóis refletem a luz solar, resfriando temporariamente o planeta.

Historicamente, erupções como as do Monte Tambora e do Monte Samalas, em 1257, resultaram em quedas significativas de temperatura – de até 1,5°C – e alterações climáticas de longo prazo, incluindo secas e mudanças no regime de monções.

Impactos em um mundo aquecido

O aquecimento global exacerba os possíveis impactos de uma erupção massiva. Aerossóis dispersos em uma atmosfera mais quente podem intensificar o resfriamento global. Além disso, oceanos aquecidos criam barreiras que alteram a distribuição térmica, amplificando os efeitos climáticos.

Mudanças climáticas também podem influenciar a atividade vulcânica. O derretimento de geleiras reduz a pressão sobre o magma, facilitando erupções, enquanto chuvas extremas podem desencadear eventos explosivos ao interagir com sistemas magmáticos.

Consequências catastróficas

Uma queda de 1°C na temperatura global pode parecer pequena, mas os impactos regionais seriam severos. Estudos indicam que uma erupção como a de Okmok, no Alasca, em 43 a.C., poderia resfriar partes da Europa e do norte da África em até 7°C.

Essas alterações climáticas atingiriam duramente as regiões produtoras de alimentos, afetando a segurança alimentar global e potencialmente desencadeando crises políticas e até conflitos. O custo econômico de uma erupção comparável à do Tambora poderia ultrapassar US$ 3,6 trilhões (R$ 22,3 trilhões) no primeiro ano, de acordo com a Lloyd’s.

Preparação necessária

Embora eventos vulcânicos dessa magnitude sejam inevitáveis, os especialistas defendem a necessidade de planejamento. Isso inclui avaliações de cenários extremos, testes de resistência em sistemas críticos, estratégias de evacuação, esforços de auxílio e a garantia de suprimentos alimentares.

“O mundo está apenas começando a entender a extensão dos impactos potenciais de uma erupção massiva”, afirmou Stoffel. Apesar de sua aparente raridade, as consequências de um evento desse tipo são graves demais para serem ignoradas.
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