Projeção que corrige o modelo de Mercator, preservando o tamanho e as formas dos países (Neil Kaye/Reprodução)
São Paulo - Representar o planeta Terra de maneira precisa é um grande desafio até hoje. Transferir as coordenadas geográficas do globo terrestre (esférico) para uma projeção plana resulta inevitavelmente em distorções. Várias tentativas foram feitas, mas nenhuma consegue ser completamente fiel às proporções. A maioria dos mapas que estudamos na escola e vemos no dia-a-dia derivam de uma projeção de quase 450 anos, a primeira a abranger todo o globo, feita pelo cartógrafo flamenco Gerhard Mercator.
Pensada para o uso nas grandes navegações do final da Idade Média, a projeção de Mercator tem como principal defeito a distorção exagerada do tamanho e das distâncias entre as regiões mais próximas aos polos. Neil Kaye, um cientista de dados climáticos do Met Office no Reino Unido, criou uma maneira simples de visualizar o grau da distorção com um GIF que alterna entre a projeção de Mercator e as projeções verdadeiras da área de um país em relação aos outros. O resultado é impressionante.
Animating the Mercator projection to the true size of each country in relation to all the others.
Focusing on a single country helps to see effect best.#dataviz #maps #GIS #projectionmapping #mapping pic.twitter.com/clpCiluS1z
— Neil Kaye (@neilrkaye) October 12, 2018
Devido à proximidade do polo Norte, Rússia, Canadá e Groenlândia são as regiões que mais têm seu tamanho distorcido. A Europa, partes da Ásia e os EUA também diminuem em uma quantidade considerável. A principal consequência dessa distorção é a diferença de percepção que temos quando olhamos para um mapa baseado na projeção de Mercator. Um exemplo é a comparação entre a Groenlândia e o continente africano. Apesar de parecer maior que a África na projeção clássica, a região gelada dinamarquesa é, na verdade, 14 vezes menor. Ums distorção gigantesca, portanto.
Muitas tentativas de aprimorar a projeção do globo foram feitas desde Mercator, mas todas mantêm algum grau de distorção. Um exemplo é a de Gall-Peters, no século 19, que preserva a medida da área da terra com mais precisão, mas distorce sua forma.
Em agosto deste ano, cartógrafos lançaram o mapa de projeção da “Terra Igual”, na esperança de superar todos os problemas encontrados com as numerosas projeções de mapa do mundo. Apesar da ambição e da aprovação inicial dos cartógrafos, os debates certamente continuarão.