A erosão causada pela "pirataria fluvial" está influenciando o crescimento do Everest. (Divulgação/Divulgação)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 7 de maio de 2025 às 11h39.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 11h43.
Um estudo publicado na revista Nature Geoscience revelou que o Monte Everest pode estar crescendo devido a um fenômeno geológico conhecido como "pirataria fluvial", ou captura fluvial, em que um rio “rouba” o curso de outro, alterando drasticamente o regime de erosão na região.
Cerca de 89 mil anos atrás, o rio Arun, que corre a leste do Everest, capturou o fluxo do rio Kosi, aumentando significativamente sua vazão e intensificando a erosão profunda nos vales do Himalaia.
Essa erosão acelerada remove bilhões de toneladas de sedimentos e rochas da base da montanha, reduzindo o peso sobre a crosta terrestre.
Como resposta, ocorre o rebote isostático, um processo pelo qual a crosta se eleva lentamente para restabelecer o equilíbrio gravitacional, elevando o Everest entre 15 e 50 metros ao longo dos últimos milhares de anos.
Além disso, medições recentes indicam que o pico continua crescendo a uma taxa aproximada de 2 milímetros por ano, um ritmo mantido enquanto o equilíbrio entre erosão e rebote isostático persistir.
Esse fenômeno não é exclusivo do Everest, afetando também montanhas vizinhas como o Lhotse e o Makalu, evidenciando a complexa interação entre processos superficiais e tectônicos na formação das grandes cadeias montanhosas.
O estudo utilizou modelos numéricos que combinam perfis fluviais modernos e dados termocronológicos para reconstruir a captura do rio e estimar sua influência na elevação da região.
Os resultados destacam que eventos catastróficos de erosão, como a pirataria fluvial, podem ser tão decisivos quanto a colisão das placas tectônicas para moldar a topografia do Himalaia.
Essa descoberta amplia a compreensão sobre a dinâmica das montanhas mais altas do mundo, mostrando que fatores superficiais, como a reorganização dos sistemas fluviais, desempenham um papel fundamental na elevação contínua do Everest e podem influenciar a evolução de outras cadeias montanhosas ao redor do planeta.