Não se engane: esta colagem "artística" é feita de detritos plásticos encontrados no Oceano Ártico. (Andrés Cózar/Reprodução)
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de abril de 2017 às 07h47.
Última atualização em 22 de abril de 2017 às 07h47.
São Paulo - Nem os lugares mais remotos do Planeta estão a salvo da poluição. Um novo estudo surpreendente encontrou altas concentrações de lixo plástico nos mares do Ártico.
Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista Science Advance, a região está virando uma espécie de "aterro marinho" para centenas de toneladas de detritos envelhecidos, que incluem linhas de pesca, filmes plásticos e fragmentos.
Os detritos viajam longas distâncias — possivelmente, desde as costas do noroeste da Europa, do Reino Unido e da costa leste dos Estados Unidos — e se acumulam nos mares da Groenlândia e de Barents, considerados pelos cientistas "becos sem saída" para o lixo.
Toda essa poluição chega lá através da chamada "circulação termohalina no Atlântico Norte", uma corrente que transporta partículas plásticas para área.
A carga total de plástico flutuante na águas livres de gelo do Oceano Ártico foi estimada em torno de 1200 toneladas, sendo 400 toneladas compostas de cerca de 300 bilhões de itens de plástico, segundo uma estimativa de médio alcance feita pelo estudo.
As descobertas "enfatizam a importância de gerenciar corretamente o lixo plástico na sua fonte, porque uma vez que ele entra no oceano, seu destino pode ser imprevisível", destacam os cientistas.
Por ora, os detritos no Ártico representam menos de três por cento do total global, mas essa taxa pode aumentar nos próximos anos, expondo a região a novas ameaças.
Segundo o estudo, a singularidade do ecossistema do Ártico levanta preocupações a respeito das implicações ecológicas potenciais da exposição a detritos plásticos.
"O crescente nível de atividade humana em um Ártico cada vez mais quente e isento de gelo, com áreas abertas mais amplas disponíveis para a propagação de microplásticos, sugere que altas cargas de poluição plástica marinha podem se tornar prevalentes no Ártico no futuro", alerta a pesquisa.