Ciência

Novo tratamento para coronavírus é testado em tecido humano

A droga reduziu a carga viral relacionada à covid-19 durante teste feito em laboratório, mas faltam ensaios clínicos

Coronavírus: vírus ainda não tem tratamento clínico aprovado e vacina ainda está em estágio inicial de criação (Flickr/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos/Divulgação)

Coronavírus: vírus ainda não tem tratamento clínico aprovado e vacina ainda está em estágio inicial de criação (Flickr/Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 3 de abril de 2020 às 18h28.

Última atualização em 3 de abril de 2020 às 18h31.

Um time internacional de pesquisadores, liderado pela Universidade British Columbia, no Canadá, publicou um estudo científico sobre o novo coronavírus propondo um método de tratamento que bloqueia a porta de entrada da infecção nas células de um indivíduo. Como a grande maioria dos estudos a respeito do novo coronavírus, que foi descoberto apenas no fim do ano passado, o novo trabalho não é conclusivo, mas representa um avanço na compreensão do comportamento do vírus ao ser exposto a diferentes tratamentos.

"Nosso estudo fornece evidências diretas muito necessárias sobre um medicamento - chamado APN01 (enzima conversora de angiotensina solúvel recombinante humana 2 - hrsACE2) – que logo será testado em ensaios clínicos pela empresa europeia de biotecnologia Apeiron Biologics como uma terapia antiviral para a covid-19 ", diz Art Slutsky, cientista do Centro de Pesquisa Keenan para Ciências Biomédicas do Hospital de St. Michael e professor da Universidade de Toronto, que é colaborador do novo estudo. Os testes do medicamento foram feitos em tecidos humanos, em laboratório, e eles reduziram a carga viral do novo coronavírus.

O estudo analisou como o vírus interage com o corpo em nível celular, assim como com os vasos sanguíneos e rins. Estudos prévios mostram que o coronavirus se liga com células ACE-2, por meio de espinhos de proteína, e se reproduz, causando os sintomas característicos da covid-19, como febre, tosse e dificuldade para respirar. Vale notar que nem todos os infectados têm quadros sintomáticos.

A pesquisa foi financiada pelo governo federal do Canadá por meio de um fundo de emergência voltado para a aceleração do desenvolvimento de medidas para lidar com a pandemia de covid-19.

Os pesquisadores se dizem esperançosos com os resultados do estudo e esperam que eles possam levar ao desenvolvimento de um novo medicamento para tratar os pacientes diante desse cenário de pandemia do novo coronavírus. No mundo, mais de um milhão de pessoas foram diagnosticadas com a covid-19 em um período de três meses.

Nesta semana, pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, publicaram um estudo científico sobre uma vacina criada com uma versão do vírus que foi revisada pela comunidade científica e mostrou resultados promissores em ratos, apesar de ainda não ter sido testada em humanos até o momento. A Organização Mundial da Saúde estima que uma vacina contra o novo coronavírus estará disponível dentro de 18 meses. Por conta disso, por enquanto, a quarentena ainda é a política pública mais recomendada por especialistas e pesquisadores globalmente, mesmo com os potenciais efeitos negativos para a economia.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasPesquisas científicas

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus