Ciência

Novo anticorpo pode inibir ação do coronavírus

Segundo a empresa americana Sorrento Therapeutics, o tratamento pode permitir a imunização contra a doença

Coronavírus: empresa americana diz ter descoberto anticorpo que pode curar a doença (Yuichiro Chino/Getty Images)

Coronavírus: empresa americana diz ter descoberto anticorpo que pode curar a doença (Yuichiro Chino/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 15 de maio de 2020 às 15h29.

Última atualização em 16 de maio de 2020 às 22h10.

Uma empresa biofarmacêutica dos Estados Unidos afirmou para a emissora FoxNews que descobriu um anticorpo que pode ser essencial na luta contra o novo coronavírus. Chamado de STI-1499, o anticorpo descoberto pela Sorrento Therapeutics pode evitar a infecção e eliminar a covid-19 do organismo de pessoas já doentes em até quatro dias.

Segundo a companhia fundada em San Diego, em anúncio nesta sexta-feira (15), as proteínas têm “100% de inibição” contra a covid-19 e podem ser usadas para tratar a doença muito antes de uma vacina chegar ao mercado.

De acordo com a empresa, foram testados bilhões de anticorpos coletados ao longo da última década. Um deles em especial, o STI-1499, obteve 100% de eficácia no bloqueio da ação do vírus, impedindo que a covid-19 pudesse chegar às enzimas ACE2, que atuam como receptoras e permitem a infecção das células.

“Quando um anticorpo impede a chegada do vírus até a célula humana, ele não consegue sobreviver”, afirmou Henry Ji, fundador e CEO da empresa. Ou seja, para que o vírus se espalhe, ele precisa infectar uma primeira célula para garantir sua reprodução dentro do organismo humano. Se houver um bloqueio, isso não acontece.

De acordo com o cientista, o novo anticorpo pode ser usado como uma terapia preventiva, uma vez que não há indicações clara de efeitos colaterais de sua aplicação. Até o momento, porém, esta seria a forma mais eficaz de impedir a disseminação da doença e curar pacientes mais rapidamente. “É a melhor solução”, disse.

"Queremos enfatizar que existe uma cura. Existe uma solução que funciona", disse Ji. Segundo ele, apenas a presença do anticorpo neutralizante no organismo poderá permitir que a sociedade encerre o isolamento social e volte às formas de convívio tradicionais.

Mas até que isso aconteça vai levar algum tempo. Órgãos de saúde do mundo inteiro precisarão realizar análises e testes com o que a Sorrento considera ser a cura para o novo coronavírus. Esses procedimentos podem levar meses para serem concluídos, assim como possível formulação de uma vacina.

Conforme aponta a reportagem, os tratamentos com anticorpos têm sido utilizados no último século como forma de tratar infecções semelhantes. “Médicos estão tirando plasma sanguíneo de pacientes que se recuperaram da doença e aplicando naqueles que estão em estado crítico. É algo promissor”, afirmou Scott Gottlieb, ex-comissionário do Departamento de Saúde e de Serviços Humanos dos Estados, para o The Wall Street Journal.

Promissor não significa perfeito. O problema se dá na pouca oferta de plasma em pacientes que se recuperaram. "Existem limitações de quanto você pode dar e por quanto tempo", disse Phyllis Kanki, professora de imunologia e doenças infeccionas da universidade de Harvard.

Por enquanto a companhia anunciou uma parceria com o sistema de saúde Moun Sinai, em Nova York, para o desenvolvimento de um coquetel de anticorpos que está sendo chamado de “Covi-Shield”. A expectativa é de que sejam produzidos inicialmente 200 mil coquetéis.

A Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) ainda precisa aprovar o tratamento profilático. “Se conseguirmos uma aprovação do FDA hoje, qualquer pessoa que tiver o anticorpo poderá voltar a trabalhar sem medo de contrair o vírus”, afirmou Mark Brunswick, vice-presidente da Sorrento,

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