Ciência

Novas provas de degelo na Groenlândia fazem temer aumento importante do nível do mar

A calota polar da Groenlândia é atualmente o principal fator de aumento do nível dos oceanos, segundo a Nasa

Os cientistas estimam que o nível do mar poderia aumentar entre 13,5 e 15,5 milímetros até o fim do século (Arquivo / Michael Kappeler/AFP)

Os cientistas estimam que o nível do mar poderia aumentar entre 13,5 e 15,5 milímetros até o fim do século (Arquivo / Michael Kappeler/AFP)

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AFP

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 18h51.

A perda de massa de gelo na calota polar da Groenlândia está ocorrendo mais no interior do que se pensava e isto provavelmente vai agravar o aumento do nível do mar, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira, 9, na revista Nature.

Até agora, os cientistas tinham se concentrado, sobretudo, no derretimento das faixas costeiras da calota de gelo, mas desta vez pesquisaram o que ocorre no interior da ilha com dados de satélite, estações de GPS no terreno e modelos digitais.

A descoberta que fizeram é alarmante: o gigantesco bloco de gelo, também chamado "inlandsis", que recobre o território da Groenlândia, está perdendo espessura a uma distância de 200 a 300 km da costa.

Os resultados afetam o Northest Greenland Ice Stream (NEGSI), uma parte do nordeste do 'inlandsis', que representa 12% da calota, mas este fenômeno provavelmente estaria ocorrendo em toda a Groenlândia e também na outra calota polar da Terra, a Antártica, segundo os autores.

Os cientistas estimam que o nível do mar poderia aumentar entre 13,5 e 15,5 milímetros até o fim do século.

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Em um relatório divulgado em 2021, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) considerou que a calota polar da Groenlândia poderia contribuir em até 18 centímetros com a elevação do nível do mar por volta de 2100, mas isso em um cenário de emissões mais elevadas de gases de efeito estufa.

A calota polar da Groenlândia é atualmente o principal fator de aumento do nível dos oceanos, segundo a Nasa, pois a região do Ártico está esquentando mais rapidamente do que o resto do mundo.

"O NEGIS poderia perder seis vezes mais gelo do que o estimado pelos modelos climáticos existentes", advertiu o informe.

Uma das razões para a calota perder espessura em seu interior é a entrada de correntes oceânicas quentes.

"O novo modelo dá conta verdadeiramente do que está ocorrendo no interior das terras, os [modelos] anteriores não o fazem [...] Estamos diante de uma mudança maciça, de uma projeção do nível do mar completamente diferente", explicou o autor principal do estudo, Shafaqat Abbas Khan, à AFP.

Segundo ele, é praticamente impossível reverter a perda de massa de gelo da calota polar da Groenlândia, mas é possível contê-la com políticas adequadas contra as mudanças climáticas.

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