Ciência

Nova vacina protege macacos contra coronavírus

O estudo americano indica que uma vacina para humanos contra a covid-19 pode ser criada

Coronavírus: vacina funcionou em macacos (Chris Clor/Getty Images)

Coronavírus: vacina funcionou em macacos (Chris Clor/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 21 de maio de 2020 às 17h43.

Última atualização em 21 de maio de 2020 às 18h15.

Pesquisadores descobriram que uma vacina é capaz de proteger macacos contra a infecção pelo novo coronavírus, causador da doença covid-19. 

A pesquisa, publicada na revista Science, indica que é possível a criação de uma vacina contra o novo coronavírus que funcione em humanos. 

Feito em parceria com a americana Johnson & Johnson, o estudo foi conduzido por pesquisadores do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, e teve como objetivo analisar como o coronavírus afeta macacos e se seria possível criar uma vacina para protegê-los da infecção. 

O experimento teve duas partes. A primeira envolveu nove macacos rhesus que foram infectados com o coronavírus e desenvolveram quadros com sintomas moderados de covid-19. Eles tiveram inflamação nos pulmões, que levou à pneumonia. 

Os animais se recuperaram dentro de alguns dias e começaram a produzir anticorpos contra o coronavírus. Trinta e cinco dias depois, eles foram novamente infectados com o vírus, mas os anticorpos neutralizaram a infecção e ela desapareceu por completo em pouco tempo, sem causar sintomas graves. 

A segunda parte do estudo envolveu a aplicação de seis variações de uma vacina feita com pedaços de DNA que se se transformaram em proteínas virais que ajudam a treinar o organismo a reconhecer e atacar o novo coronavírus.

Cada versão da vacina foi dada a quatro ou cinco macacos e os cientistas esperaram três semanas para que eles criassem uma resposta imune para infectá-los com o novo coronavírus.

O que eles descobriram foi que oito macacos não tiveram nenhum sintoma e que algumas versões da vacina apenas protegeram moderadamente os animais contra o vírus, reduzindo a infecção viral.

As vacinas que funcionaram melhor nos macacos foram aquelas que miravam na espícula de proteína do coronavírus, usada para ele adentrar células humanas e replicar-se no organismo do hospedeiro. 

O estudo ajuda a mostrar que a criação de uma vacina é possível, na visão de especialistas. 

As quase 100 vacinas em fase de testes ainda são focadas na segurança, e não na efetividade contra o vírus. Por isso, o novo estudo ajuda a entender melhor como uma vacina pode funcionar em macacos e, um dia, em humanos. 

O projeto de vacina com perspectiva mais otimista é o da Universidade de Oxford, que deve ser concluído em setembro deste ano. O gigante do ramo farmacêutico AstraZeneca já está se preparando para produzir 1 bilhão de doses até 2021. Mas, como reconhece o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, ainda é cedo para saber se uma vacina eficaz contra o novo coronavírus para humanos pode mesmo ser criada. No entanto, o novo estudo americano traz esperança.

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