Ciência

Nova espécie de orangotango é descoberta na Indonésia

Trata-se da primeira nova espécie de grandes símios confirmada pela ciência desde 1929

Orangotango: reduzido número faz deste um dos símios mais ameaçados do planeta (Anup Shah/Thinkstock)

Orangotango: reduzido número faz deste um dos símios mais ameaçados do planeta (Anup Shah/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 3 de novembro de 2017 às 09h58.

Uma nova espécie de orangotango foi descoberta ao norte de Sumatra, na Indonésia, anunciaram nesta quinta-feira (20) cientistas, apontando que o reduzido número faz deste um dos símios mais ameaçados do planeta.

Trata-se também da primeira nova espécie de grandes símios confirmada pela ciência desde a descoberta em 1929 de um bonobo na República Democrática do Congo, destacaram os biólogos que tiveram o trabalho publicado na revista americana Current Biology.

"Não é todos os dias que se encontra uma nova espécie de grandes símios, e isso faz com que esta descoberta seja muito emocionante", disse Michael Krutzen, da Universidade de Zurique, na Suíça.

"E isso que os grandes símios estão entre as espécies de animais mais estudadas do mundo", comentou Erik Meijaard, da Universidade Nacional Australiana.

Este novo orangotango, batizado como Tapanuli (Pongo tapanuliensis), vive na região de Batang Toru, no norte de Sumatra, e sua população é estimada em cerca de 800 indivíduos. A descoberta eleva a três o número de espécies conhecidas de orangotangos.

Foi em 1997 que os pesquisadores da Universidade Nacional Australiana descobriram o rastro desta população isolada em Batang Toru.

- A linhagem mais antiga -

Os primeiros sinais da especificidade dos Tapanuli foram observados no esqueleto de um macho adulto, morto em 2013. Quando os cientistas examinaram o crânio e os dentes, encontraram alguns traços únicos, em comparação com outros orangotangos.

"Ficamos surpresos ao ver que as características do crânio eram muito diferentes do que conhecíamos até agora destes grandes símios", explica Matt Nowak, primatologista do Programa de Conservação de Orangotangos de Sumatra (SOCP).

Uma análise do genoma de 37 orangotangos realizado por investigadores da Universidade de Zurique revelou a história evolutiva destes símios, mostrando a separação há mais de três milhões de anos entre as populações de orangotangos de Batang Toru e as de Bornéu, no norte do lago Toba.

Os orangotangos de Bornéu e de Sumatra se separaram geneticamente muito mais tarde, há menos de 700.000 anos.

Os de Batang Toru, por sua vez, estão isolados de outras populações do norte de Bornéu há 10.000 ou 20.000 anos, determinaram também estes pesquisadores.

"Os orangotangos de Batang Toru parecem ser os descendentes diretos dos primeiros orangotangos que emigraram da Ásia continental e, portanto, constituem a linhagem mais antiga destes símios", aponta Alexander Nater, da Universidade de Zurique, um dos coautores da descoberta.

- Elevado risco de extinção -

Mas estes orangotangos são particularmente vulneráveis, advertem estes cientistas. "Se só oito destes 800 animais restantes morressem ou fossem eliminados do grupo a cada ano, a espécie poderia desparecer", afirmam.

"Sem medidas rápidas para proteger seu hábitat florestal, que diminui rapidamente, estes orangotangos poderiam desaparecer em poucas décadas", adverte Matt Nowak, que supervisionou o estudo no SOCP.

Segundo estimativas oficiais, a área de florestas que constitui o hábitat principal dos orangotangos de Sumatra diminuiu em 60% entre 1985 e 2007 devido à exploração florestal, às concessões à mineração e aos cultivos agrícolas.

O hábitat dos orangotangos Tapanuli se limita atualmente a apenas mil quilômetros quadrados.

Estes grandes símios são vítimas também da caça ilegal, que contribuiu para uma redução significativa das populações das três espécies.

Os orangotangos medem, em média, de 1,10 a 1,40 metro e pesam entre 40 e 80 quilos. Podem viver entre 30 e 40 anos e se reproduzem com dificuldade com nascimentos separados por vários anos.

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