Ciência

Nobel de Medicina premia pesquisa de imunoterapia contra o câncer

James P. Allison e Tasuku Honjo desenvolveram pesquisas com proteínas que paralisam o sistema imune de pacientes com câncer

Tasuku Honjo e James Allison, ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina 2018 (Kyodo/MD Anderson Cancer Center at The University of Texas/Divulgação/Reuters/Reuters)

Tasuku Honjo e James Allison, ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina 2018 (Kyodo/MD Anderson Cancer Center at The University of Texas/Divulgação/Reuters/Reuters)

LN

Letícia Naísa

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 16h27.

São Paulo — Dois pesquisadores foram premiados nesta segunda-feira com o Nobel de Medicina por terem feito uma descoberta de uma nova terapia contra o câncer.

O americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo desenvolveram pesquisas separadas com proteínas que paralisam o sistema imune de pacientes com câncer.

Os pesquisadores dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas (cerca de 4 milhões de reais) entregue pela Academia Sueca.

Allison, imunologista MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, estuda desde os anos 1990 a proteína CTLA-4, que funciona como um freio para o sistema imunológico. O pesquisador descobriu o potencial da proteína de soltar esse freio e liberar as células do sistema imune para atacar tumores e desenvolveu um tipo de anticorpo.

Seu primeiro experimento foi feito em 1994 em ratos, que foram curados durante o tratamento. Em 2010, foi feito um estudo clínico em pacientes com câncer de pele avançado. Em muitos deles, o câncer desapareceu. Esse tipo de resultado nunca havia sido observado antes, segundo a Academia Sueca.

Também nos anos 1990, o imunologista Honjo, da Unversidade de Kyoto, descobriu que uma outra proteína, chamada PD-1, poderia atuar sobre células do sistema imunológico, mas com um mecanismo diferente. O tratamento desenvolvido pelo pesquisador japonês em 2012 apresentou potencial de cura em pacientes com metástase (um estágio tão avançado da doença que é considerado intratável).

Para os responsáveis pela premiação do Nobel, as descobertas são um marco no combate ao câncer e podem revolucionar os tratamentos contra a doença.

"Por mais de 100 anos, cientistas tentaram estimular o sistema imune a lutar contra o câncer. Até as descobertas recentes feitas pelos dois laureados, o progresso do desenvolvimento clínico foi modesto", afirmou o comitê do Nobel.

O prêmio Nobel de Medicina foi o primeiro da temporada de 2018. Na terça-feira (2) e na quarta-feira (3) serão anunciados os vencedores dos prêmios de Física e de Química, respectivamente. Os prêmios de Paz e Economia serão revelados na sexta-feira (5) e na segunda-feira (8).

O dinheiro entregue aos ganhadores vem de um fundo deixado por Alfred Nobel, inventor da dinamite. O prêmio é entregue desde 1901 e os laureados recebem um diploma e uma medalha.

Outras pesquisas

Em edições anteriores, a Fundação Nobel premiou outras descobertas que contribuíram para o desenvolvimento de tratamentos contra o câncer.

Em 1966, o fisiologista Charles Huggins recebeu o prêmio por descobrir métodos de hormonoterapia para tratamento de câncer de próstata.

Os bioquímicos Gertrude Elion e George Hitchings ganharam o Nobel de Medicina em 1988 por pesquisas sobre o desenvolvimento da quimioterapia.

Em 1990, o médico Donnall Thomas foi laureado por seu trabalho sobre transplante de medula óssea no tratamento de leucemia.

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