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Navio com 3 mil carros está em chamas há 8 dias; por que é tão difícil apagar incêndio?

Incêndio começou na terça-feira, 3, no compartimento que abrigava veículos híbridos e elétricos

Navio Midas: incêndio começou em 3 de junho no compartimento que abrigava veículos híbridos e elétricos (Guarda Costeira dos EUA/Reprodução)

Navio Midas: incêndio começou em 3 de junho no compartimento que abrigava veículos híbridos e elétricos (Guarda Costeira dos EUA/Reprodução)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de junho de 2025 às 17h14.

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Um navio cargueiro que transportava 3 mil carros chineses pegou fogo no Oceano Pacífico, nas proximidades do Alasca, na última terça-feira, 3. Todos os 22 tripulantes foram resgatados, mas a guarda costeira dos Estados Unidos informou que as chamas ainda não foram totalmente controladas. O incêndio começou no compartimento que abrigava veículos híbridos e elétricos.

Segundo a empresa britânica Zodiac Maritime, responsável pelo navio Morning Midas, a tripulação seguiu rigorosamente o protocolo de contenção de incêndios. No entanto, sem sucesso, a evacuação foi realizada, e os tripulantes foram retirados por um outro barco nas proximidades.

Não há confirmação de que um carro elétrico tenha sido o causador inicial do incêndio. O cargueiro transportava 3.048 veículos, entre eles 681 modelos híbridos e 70 elétricos.

Embora a incidência de incêndios seja mais rara em veículos elétricos do que em modelos a combustão, e ainda sem provas de que um carro elétrico tenha originado o incêndio, é necessário tomar precauções especiais ao lidar com incêndios desse tipo.

Quando ocorre um incêndio em um carro elétrico, ele pode se espalhar rapidamente e afetar outros veículos devido à rápida propagação do fogo nas baterias. Mesmo após o controle superficial das chamas, o risco de o fogo se alastrar na bateria permanece. Por esse motivo, é adotado o procedimento de "quarentena", que exige que o veículo fique isolado por várias semanas, dado o risco de novo incêndio.

O que pode ter causado o incêndio

Diversas condições podem desencadear um incêndio em um carro elétrico. Segundo especialistas, falhas durante a fabricação, como defeitos no material isolante, podem contribuir para problemas nas baterias. Outras falhas possíveis incluem problemas no sistema de gerenciamento da bateria, que pode não identificar a elevação da temperatura interna, ou no sistema de resfriamento, que pode não ser eficiente o suficiente para evitar o superaquecimento.

O incêndio em baterias ocorre quando há contato entre os terminais da célula (os eletrodos) devido à falta de separação do material isolante. O sistema de gerenciamento de bateria (BMS), que monitora constantemente a temperatura, pode agir para evitar incêndios se detectar riscos. Porém, quando a energia na bateria é muito concentrada, o risco de efeito cabum — um evento que pode levar a um incêndio — aumenta.

Existem protocolos obrigatórios para o transporte de carros elétricos, tanto por via marítima quanto aérea, descritos no relatório técnico Material Safety Data Sheet Report (MSDS). Um dos principais cuidados envolve a carga das baterias, que deve ser mantida no nível mais baixo possível. Quanto maior a energia acumulada, maior a probabilidade de o incêndio se propagar rapidamente.

Como conter um incêndio em um carro elétrico

Em situações como a do incidente no Alasca, os tripulantes seguiram um protocolo rigoroso para tentar controlar as chamas. Porém, extintores convencionais são ineficazes contra incêndios em carros elétricos. Nesses casos, são necessários extintores específicos, como os de carbonato de potássio ou soluções de vermiculita, já utilizados em instalações de armazenamento de energia de fontes renováveis, como placas solares e aerogeradores.

A indústria de carros elétricos está investindo no desenvolvimento de baterias que reduzam a ocorrência de incêndios. Empresas como a CATL estão criando baterias com características que limitam a propagação das chamas. Um exemplo disso são as baterias Blade, da BYD, que possuem células de superfície mais ampla, o que facilita a dissipação do calor. A forma retangular plana dessas baterias também contribui para um resfriamento mais eficiente.

Além disso, as baterias Blade não liberam oxigênio durante a fuga térmica, ao contrário das baterias NMC (níquel-cobalto-manganês), que liberam esse gás como subproduto, aumentando o risco de propagação do fogo. A introdução dessas novas tecnologias promete reduzir a frequência e a gravidade de incêndios em veículos elétricos no futuro.

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