Ciência

Mulher pode ter risco maior de infecção por zika, aponta estudo

A descoberta sugere que as mulheres são mais suscetíveis à transmissão sexual e têm mais dificuldade para eliminar a infecção do corpo

Aedes aegypti: isso pode aumentar o risco de infecção do feto durante a gravidez (Marvin Recinos / AFP)

Aedes aegypti: isso pode aumentar o risco de infecção do feto durante a gravidez (Marvin Recinos / AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 10h40.

São Paulo - Os vírus que armazenam seu código genético no RNA, como o da zika - diferentemente daqueles que armazenam essa informação no DNA, como o da herpes e da catapora -, enfraquecem o sistema imunológico vaginal, retardando a resposta das defesas do corpo à infecção e dificultando a detecção do vírus na vagina.

Isso pode aumentar o risco de infecção do feto durante a gravidez. A conclusão é de um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 16, na revista científica internacional Journal of Experimental Medicine.

O novo estudo foi liderado por cientistas dos Institutos Gladstone, ligados à Universidade da Califórnia em São Francisco (Estados Unidos).

De acordo com os autores do artigo, a descoberta sugere que as mulheres são mais suscetíveis à transmissão sexual de vírus de RNA e elas têm mais dificuldade que os homens para eliminar a infecção do corpo.

"Nossa pesquisa reforça os resultados de estudos epidemiológicos que mostram que as mulheres têm um risco maior de infecção por zika", declarou o autor principal do artigo, Shomyseh Sanjabi, pesquisador dos Institutos Gladstone.

"O amortecimento da resposta imune vaginal é especialmente preocupante, porque dá ao vírus mais tempo para se espalhar e chegar ao feto, se a mulher estiver grávida ou engravidar durante a infecção", disse Sanjabi. Para fazer a pesquisa, os cientistas infectaram camundongos fêmeas de forma sistêmica - como acontece quando a transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti - e também pela vagina.

Normalmente, células infectadas liberam as moléculas conhecidas como interferon, que formam uma primeira linha de defesa contra a infecção. O interferon inicia o combate ao vírus e - o que é mais importante - alerta as células vizinhas que o corpo está sendo atacado, desencadeando a reação de todo o sistema imunológico.

Depois de três dias, os animais que foram infectados sistemicamente apresentaram uma forte resposta de interferon e começaram a eliminar o vírus do organismo. Enquanto isso, os animais infectados pela vagina ainda tinham níveis extremamente altos do vírus e nenhum sinal de interferon. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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