Covid-19: pulmão transplantado já estava infectado com o covid-19 antes da operação (Virojt Changyencham/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 10h13.
Um transplante realizado com um órgão infectado com o novo coronavírus fez sua primeira vítima no mundo. O caso ocorreu em Michigan, nos Estados Unidos, após uma mulher receber um pulmão transplantado e que estava infectado com a doença. Após o diagnóstico, feito três dias após a cirurgia, a paciente não resistiu a doença e faleceu dois meses após a operação.
A vítima é uma mulher que tinha doença pulmonar obstrutiva crônica e recebeu um pulmão em uma operação de transplante realizada nos últimos no Hospital Universitário de Ann Arbor, nos Estados Unidos. Os testes iniciais feitos com a doadora, uma mulher que havia sofrido morte cerebral após um acidente de carro, apresentaram resultados negativos para covid-19.
Três dias após a cirurgia, a paciente começou a apresentar sintomas causados pela infecção do vírus Sars-CoV-2. Os médicos realizaram um tratamento envolvendo remdesivir e plasma sanguíneo, mas a situação foi piorando gradativamente até o falecimento. Ao mesmo tempo, o cirurgião que realizou o transplante também testou positivo para a doença.
A suspeita inicial era de que a doença tivesse sido contraída de outra forma, durante o pós-operatório. Uma autópsia que analisou o pulmão transplantado, porém, revelou que o vírus já estava presente no órgão antes mesmo da operação. Com o transplante, o vírus atacou o organismo da paciente levando-a falecer.
“Não teríamos usado os pulmões se tivéssemos um teste covid-19 positivo”, disse Daniel Kaul, diretor do serviço de doenças infecciosas de transplantes da Michigan Medicine ao Kaiser Health News. “Todas as triagens que normalmente fazemos e somos capazes de fazer, nós fizemos.”
Kaul é autor de um estudo publicado na revista científica American Journal of Transplantation e que investiga o transporte do vírus por órgãos transplantados. A pesquisa informa que os casos são considerados bastante raros e este foi o primeiro a ser registrado no mundo em mais de 40 mil transplantes feitos em 2020.
De qualquer forma, o plano agora é analisar o que aconteceu para calcular os riscos das operações em tempos de pandemia.