(Tang Ming Tung/Getty Images)
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Publicado em 2 de agosto de 2023 às 08h00.
Durante a 27ª Conferência do Clima da ONU, a COP 27, ocorrida em 2022, o setor da saúde foi um dos temas protagonistas e esteve presente em muitas das discussões que visavam colocar em prática ações para frear as mudanças climáticas, descarbonizar a economia e mitigar a emissão de gases do efeito estufa (GEE).
Já não é novidade que as consequências das mudanças climáticas, incluindo eventos extremos como ondas de calor, queimadas, enchentes e secas colocam pressão sobre os sistemas de saúde, não só pensando no futuro, mas com impactos imediatos e graves.
Em 2022, segundo um estudo publicado pela revista Nature, as ondas de calor na Europa foram responsáveis por 61 mil mortes. Paradoxalmente, no hemisfério sul, mais especificamente no Brasil, o índice recorde de chuvas também deixou centenas de vítimas. Ambas as ocorrências lotaram hospitais e mobilizaram atendimentos médicos para pacientes de forma emergencial.
A gravidade dos eventos climáticos vem assustando o mundo, mas não é exatamente uma surpresa para os cientistas: há anos os especialistas alertam que, se a temperatura da Terra não parar de subir até 2030, esse tipo de acontecimento será cada vez mais frequente.
O risco de novas pandemias
De acordo com um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 559 milhões de crianças e adolescentes já estão expostos a ondas de calor frequentes, assim como à poluição extrema. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 99% da população respira um ar que excede os limites de má qualidade recomendados, apresentando uma séria ameaça à saúde.
E, se o fim da pandemia de Covid-19 trouxe alívio aos quatro cantos do mundo, as mudanças climáticas reacendem uma preocupação latente: as previsões de cientistas que estudam a evolução das espécies no Instituto Butantan apontam que os desequilíbrios climáticos poderiam facilitar novas pandemias foram comprovadas por um estudo da Universidade de Georgetown, publicado na revista Nature.
A pesquisa aponta que, até 2070, diversos mamíferos deverão ser forçados a deixar seus ambientes naturais em busca de climas mais amenos, aumentando o risco de transmissão viral entre diferentes espécies. O Brasil, inclusive, aparece como um dos locais de risco por conta da sua enorme biodiversidade, junto com regiões da África, Índia e Indonésia.
Vale ressaltar que o problema identificado não tem a ver com os animais migrantes, em si. O grande inimigo a ser combatido são as mudanças climáticas que, desenfreadas, seguirão impactando de forma direta a vida no planeta, incluindo a espécie humana.