Ciência

Mudança climática devasta jardins do Palácio de Versalhes

O clima normalmente temperado do norte da Europa está rapidamente se tornando mais quente e seco

 (Palácio de Versalhes/Divulgação)

(Palácio de Versalhes/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 21 de setembro de 2019 às 08h59.

Última atualização em 21 de setembro de 2019 às 08h59.

A propriedade bem-cuidada do Palácio de Versalhes foi projetada para um monarca absolutista e resistiu à revolução francesa. Mas, agora, as mudanças climáticas ameaçam sua sobrevivência.

As árvores da espécie hornbeam com vista para o Grande Canal da propriedade morreram neste verão do hemisfério norte e, nos jardins Trianon de Marie Antoinette, as faias estão murchando. O preocupante é que essas não eram apenas variedades da época de Luís XIV, mas também novas plantas destinadas a resistir aos efeitos do aquecimento global.

"É de partir o coração", disse Alain Baraton, responsável pelos jardins de Versalhes, apontando os hornbeams murchos e as folhas ressecadas de castanheiros outrora exuberantes. "Sou forçado a esquecer a história e ser pragmático."

O clima normalmente temperado do norte da Europa está rapidamente se tornando mais quente e seco, obrigando jardineiros do parque de 800 hectares a se adaptarem. Os olmos imponentes, castanhas e bétulas que foram favorecidos pela realeza francesa estão sendo seletivamente substituídos por espécies com maiores chances de resistir às temperaturas mais altas, novos parasitas e padrões de precipitação mais voláteis.

A urgência de agir foi enfatizada quando o Centro Nacional para Pesquisa Científica da França divulgou na terça-feira um modelo climático que mostrava um aquecimento global mais rápido do que o previsto anteriormente.

As árvores são uma das maiores formas de armazenamento de carbono da natureza. A Agência Europeia do Meio Ambiente estima que as florestas absorvam 13% de todas as emissões de dióxido de carbono da União Europeia. Porém, secas mais frequentes e tempestades cada vez mais violentas colocam em risco as florestas da região.

"As árvores costumavam ter centenas de anos para se adaptar, mas não têm mais esse tempo", disse Xavier Bartet, que trabalha na Agência Florestal Nacional da França. "E, na natureza, se você não consegue se adaptar, você morre."

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