Supernova: morte de estrela é captada por equipe em observatório no Chile (ESO/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 19h32.
Cientistas captaram imagens detalhadas da explosão inicial de uma supernova, um dos eventos mais estudados por especialistas. A descoberta foi anunciada na última semana pela revista Science Advances.
Utilizando o telescópio Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, uma equipe internacional de astrônomos conseguiu observar a forma peculiar da explosão logo após a estrela perder sua estrutura esférica e lançar material para o espaço.
Até então, a forma das explosões de estrelas massivas, como as supernovas, era um mistério, já que essas explosões acontecem em um intervalo de tempo muito curto, dificultando a observação de seus estágios iniciais.
O evento ocorreu em 10 de abril de 2024, quando a supernova SN 2024ggi foi detectada pela primeira vez.
Localizada na galáxia NGC 3621, a cerca de 22 milhões de anos-luz da Terra, a estrela que originou a explosão tinha de 12 a 15 vezes a massa do Sol.
Seu núcleo colapsou e enviou material para fora com tamanha violência que a estrela não se desintegrou de forma esférica, mas sim com uma forma distinta de "azeitona".
Yi Yang, professor assistente da Universidade Tsinghua, na China, foi o responsável pela proposta de observação que permitiu à equipe captar a explosão com rapidez.
"Eu acabei de chegar a São Francisco após um longo voo quando soube da descoberta. Em poucas horas, solicitei ao ESO que apontasse o VLT para a supernova", disse Yang à Reuters.
Apenas 26 horas após a detecção inicial, o telescópio estava em operação, registrando imagens do estágio inicial da explosão, quando o material acelerado pela explosão ainda estava atravessando a superfície da estrela.
Supernova: morte de estrela é captada por equipe em observatório no Chile (ESO/Reprodução)
Esse estágio fugaz da supernova é essencial para entender os processos por trás das explosões de estrelas massivas.
"A geometria de uma supernova fornece informações fundamentais sobre a evolução das estrelas e os processos físicos envolvidos nesses fogos de artifício cósmicos", explicou Yang.
O telescópio VLT, localizado no deserto do Atacama, no Chile, foi fundamental para a observação. Os cientistas conseguiram captar a polarização da luz emitida pela supernova, revelando que a forma da explosão era inicialmente oval.
À medida que a explosão interagia com o material ao redor, a forma se achatou, mas o eixo de simetria permaneceu constante, o que sugere um mecanismo físico comum para o desencadeamento de explosões de estrelas massivas.
De acordo com Dietrich Baade, astrônomo do ESO e coautor do estudo, "esses achados ajudam a refinar os modelos atuais sobre o processo de explosão de supernovas, descartando alguns modelos e fornecendo novas informações para melhorar outros".