DNA: Watson (esquerda) e Crick (direita) foram considerados os descobridores da estrutura de dupla hélice (Reprodução/Reprodução)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 17h45.
Considerado um dos descobridores da estrutura do DNA, James Watson morreu nesta quinta-feira, 6, aos 97 anos.
Juntamente com Francis Crick, o cientista norte-americano recebeu o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1962.
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O papel do Dr. Watson na decodificação do DNA, o modelo genético da vida, já teria sido suficiente para estabelecê-lo como um dos cientistas mais importantes do século XX. Para além dessa descoberta revolucionária, Watson liderou o ambicioso projeto do Genoma Humano, que passou décadas mapeando todos os genes e regiões não-codificantes do DNA humano.
Fora da pesquisa em genética, Watson também marcou presença na literatura ao escrever uma das autobiografias mais célebres da ciência. A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos listou o livro A Dupla Hélice como uma das 88 obras literárias americanas mais importantes, junto a Os Artigos Federalistas e As Vinhas da Ira. Apesar de reconhecido como clássico, a obra foi responsável por uma de suas numerosas polêmicas.
O DNA foi isolado pela primeira vez em 1869 pelo biólogo suíço Friedrich Miescher durante um estudo do núcleo de glóbulos brancos. Ele chamou a substância de "nucleína" e teorizou que ela poderia ter algo a ver com hereditariedade.
A partir disso, durante a primeira metade do século XX, diversos cientistas se debruçaram sobre o assunto. As principais descobertas vieram mais de 80 anos depois dos estudos de Miescher, em 1953
Rosalind E. Franklin e Maurice H.F. Wilkins, pesquisadores do King's College London, produziram uma série de imagens de difração de raios-X em cristais de DNA. As imagens forneceram a melhor evidência para a natureza helicoidal do DNA.
Antes disso, tanto o químico Linus Pauling, quanto Watson e Crick, haviam gerado modelos errôneos, com as cadeias por dentro e as bases apontando para fora. Ou seja, ao invés de uma dupla hélice fechada, os modelos criados eram mais semelhantes a uma lacraia.
Watson e Crick já haviam descoberto estimativas do conteúdo de água dos cristais de DNA. A partir desses resultados, concluíram que esse conteúdo de água era congruente com as três estruturas de açúcar-fosfato estando do lado de fora da molécula.
A virada de chave que permitiu a descoberta estrutural vencedora do Nobel foi as imagens da Dra. Franklin, entre elas a famosa Foto 51.
No que é amplamente, mas não universalmente, considerado uma violação do protocolo de pesquisa, o Dr. Wilkins forneceu a imagem de raios-X ao Dr. Watson e ao Sr. Crick sem o conhecimento da Dra. Franklin. Após uma série de experimentos falhos, o Dr. Watson e o Sr. Crick eventualmente construíram um modelo físico da molécula a partir da Foto 51.
No livro A Dupla Hélice, Watson fez afirmações sobre o processo da descoberta que desagradaram seus colegas. Na visão deles, Watson elevou a si mesmo enquanto menosprezava outros que estavam envolvidos no projeto.
Em 2019 o pioneiro em estudos de DNA falou em um programa de TV que os genes causam uma diferença entre negros e brancos em testes de QI. O Cold Spring Harbor Laboratory, onde o cientista mantinha sua base de pesquisas e era conselheiro após sair de Cambridge em 2007, disse que as declarações do cientista de 90 anos eram "infundadas e imprudentes".
Essa não foi a única polêmica de Dr Watson envolvendo o racismo.
Em 2007, o cientista disse ao jornal Times que estava "inerentemente pessimista sobre as perspectivas da África" porque "todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles é a mesma que a nossa - enquanto todos os testes dizem que não é bem assim".
Embora sua esperança fosse que todos fossem iguais, ele acrescentou, "pessoas que têm que lidar com funcionários negros descobrem que isso não é verdade".
Após essas declarações, o Dr. Watson perdeu seu cargo de reitor no Laboratório Cavendish da Universidade de Cambridge, e foi removido de todas as suas funções administrativas.