Ciência

Mistério revelado: astrônomos descobrem a origem de ondas de rádio emitidas dentro da Via Láctea

Observações inéditas de pulsos de rádio tão longos e brilhantes vindos desse sistema binário de estrelas são apenas o começo, afirmam os cientistas

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 17 de março de 2025 às 15h09.

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Nos últimos dez anos, cientistas detectaram um fenômeno enigmático: pulsos de rádio vindos de dentro da nossa própria galáxia, a Via Láctea, que se repetem a cada duas horas, como um "coração cósmico". Esses intensos sinais de rádio duravam entre 30 e 90 segundos e pareciam vir da direção da constelação da Ursa Maior, onde está localizada a famosa estrela do "Carro de Fogo".

O primeiro impulso seria pensar que não estamos sozinhos no universo. Que essa é uma nova forma de comunicação. E pode até ser que não estejamos, mas os astrônomos encontraram uma resposta cientificamente mais plausível.

A origem desses pulsos incomuns é uma estrela morta, chamada de anã branca, que orbita de perto uma estrela anã vermelha, menor e mais fria — as anãs vermelhas são o tipo de estrela mais comum no cosmos. As duas estrelas, conhecidas coletivamente como ILTJ1101, orbitam tão perto uma da outra que seus campos magnéticos interagem, emitindo o que é conhecido como um transiente de rádio de longo período (LPT, na sigla em inglês).

Antes dessa descoberta, esses intensos sinais de rádio eram conhecidos apenas em estrelas de nêutrons, os remanescentes densos deixados após uma explosão estelar colossal.

Uma nova classe de transientes de rádio

A descoberta foi descrita em um estudo publicado na revista Nature Astronomy na última quarta-feira, 13, e revela que o movimento das estrelas em um sistema binário também pode criar raros transientes de rádio de longo período.

“Estabelecemos pela primeira vez quais estrelas produzem os pulsos de rádio em uma nova classe misteriosa de ‘transientes de rádio de longo período’”, disse a autora principal do estudo, Dr. Iris de Ruiter, pesquisadora pós-doutoral da Universidade de Sydney, na Austrália, em comunicado oficial.

As observações inéditas de pulsos de rádio tão longos e brilhantes vindos desse sistema binário de estrelas são apenas o começo, afirmam os astrônomos. A descoberta pode ajudar os cientistas a entender melhor que tipos de estrelas são capazes de emitir pulsos de rádio através do cosmos — e, neste caso, revelar a história e a dinâmica das duas estrelas entrelaçadas.

O futuro da pesquisa e as possibilidades de novas descobertas

Com mais de 10 sistemas conhecidos que emitem pulsos de rádio de longo período identificados nos últimos anos, a comunidade científica está ansiosa para entender as origens dessas emissões, que são completamente diferentes de tudo o que os cientistas sabiam até agora.

A pesquisa continua e novas descobertas sobre esses fenômenos misteriosos são esperadas, o que promete trazer mais respostas sobre os mistérios que ainda cercam nosso universo.

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