Foto meramente ilustrativa. (Liam Quinn/Wikimedia Commons)
Vanessa Barbosa
Publicado em 13 de outubro de 2017 às 11h17.
São Paulo - A temporada de reprodução dos pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) na Antártica teve um desfecho trágico: apenas dois de 36 mil filhotes de pinguins sobreviveram desde o início de 2017, em um retrato dramático do desequilíbrio ecológico que assola a região.
Segundo os cientistas, o "fracasso catastrófico da reprodução" deve-se em grande medida às condições ambientais em mudança na região, como a dissolução de geleiras, associadas às alterações climáticas.
As mudanças na distribuição e espessura do gelo obrigaram os pinguins adultos a viajar longas e exaustivas distâncias, às vezes por 100 quilômetros. Enquanto esperavam, os filhotes morreram de fome e doenças provocadas por baixa imunidade.
Os pinguins-de-adélia se alimentam principalmente de krill antártico, uma espécie de camarão comum na região, cuja distribuição tem sido afetada pelas mudanças ambientais. Para piorar, há uma demanda comercial para liberar a pesca industrial de krill na região, tornando ainda mais competitiva a oferta de alimentos para os pinguins.
Para barrar a proposta, cientistas e ONGs ambientais, como a WWF, estão demandando a criação de uma nova Área Marinha de Proteção para as águas do leste da Antártica, o que ajudaria a evitar a concorrência adicional dos barcos de pesca.
Há quatro anos, a mesma colônia, que consistia em mais de 20 mil pares de pinguins, não sobreviveu à época de reprodução.
"Os pinguins são um dos animais mais resistentes e surpreendentes em nosso planeta. Este evento devastador contrasta com a imagem que muitas pessoas podem ter deles", disse ao The Guardian o chefe dos programas polares no WWF, Rod Downie, "É mais como um 'Tarantino faz Happy Feet', com filhotes mortos espalhados por toda a praia".