Átomos (Guardian Wires/YouTube/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2017 às 20h02.
O nascimento dos átomos que formam você foi muito mais divertido do que o seu: simulações de computador feitas na Northwestern University, nos EUA, revelam que metade de todo o material da Via Láctea (e, portanto, do seu corpo) não foi fabricado por aqui – mas forjado no núcleo de imensas estrelas de galáxias vizinhas, e então expelido para cá em explosões monumentais.
A descoberta vai na contramão das teorias vigentes, que até então não consideravam esse troca-troca de material uma parte tão relevante da formação de aglomerados de estrelas.
Funciona assim: galáxias de grande porte como a Via Láctea, com algo entre 100 mil e 180 mil anos-luz de diâmetro, são cercadas de satélites – às vezes chamados de galáxias-anãs.
Eles são algomerados de estrelas menores que o nosso, mas de maneira alguma pequenos.
A Grande Nuvem de Magalhães (LMC), por exemplo, tem 14 mil anos-luz de diâmetro.
Sua irmã menor, a Pequena Nuvem de Magalhães, tem exatamente metade do tamanho e 7 bilhões de vezes a massa do Sol.
Às vezes uma estrela de grande porte que “mora” em uma dessas pequenas galáxias chega ao final do seu ciclo de vida.
E então ela explode.
O fenômeno está muito além do que um ser humano pode imaginar: arremessa trilhões de toneladas de gás com tanta violência que esse material consegue escapar da atração gravitacional de seu aglomerado de origem e acaba “caindo” na galáxia mãe, muito maior.
Por meio desse processo, todo ano a Via Láctea ganha o equivalente à massa de um Sol. Parece pouco – e realmente não é muita coisa na escala cósmica.
Mas multiplique isso pelos 13 bilhões de anos que se passaram desde que tudo começou e a conta começa a fazer sentido.
“Os ventos galácticos contribuem com uma quantidade muito mais significativa de material do que pensávamos. Esse é um novo modelo de crescimento de galáxias, que nós não havíamos considerado antes”, declarou à imprensa Daniel Anglés-Alcázar, pesquisador responsável.
“A ciência é muito útil na hora de encontrar nosso lugar no universo. Nós somos como visitantes ou imigrantes na galáxia que chamamos de nossa.”
Para chegar a essa conclusão, é preciso usar supercomputadores capazes de calcular, de acordo com as leis da física, cada movimento da dança cósmica entre a Via Láctea e suas irmãs menores desde que elas se formaram – e então acelerar “o vídeo” o suficiente para assistir a uma versão resumida das trocas de gás.
Afinal, ninguém tem 13 bilhões de anos para ficar na frente do computador.
O processo completo está descrito no artigo científico, de acesso gratuito – e você pode ver um trecho abaixo.
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.