(Michael Polito © Louisiana State University/Divulgação)
Vanessa Barbosa
Publicado em 2 de março de 2018 às 11h41.
São Paulo - Em artigo publicado nesta sexta-feira (2) na revista Scientific Reports, cientistas anunciaram a descoberta de uma "megacolônia" formada por mais de 1,5 milhão de pinguins-de-adélie (Pygoscelis adeliae) numa cadeia de ilhas remotas e rochosas chamadas de Ilhas do Perigo no norte da península Antártica.
Em meio a tantas notícias de desequilíbrio ecológico, o estudo liderado por pesquisadores da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) chega como uma lufada de esperança. Nas últimas quatro décadas, o número total de espécimes tem diminuído constantemente na Antártica, processo que os cientistas associam às mudanças climáticas.
Até recentemente, as Ilhas do Perigo não eram conhecidas como um importante habitat de pinguins. Na verdade, elas tampouco eram estudadas devido à localização mais afastada, com às águas revoltas e muito gelo marinho no caminho.
No entanto, em 2014, cientistas da agência espacial americana Nasa identificaram manchas escuras nas imagens de satélite feitas sobre a região, revelando um número desconhecido mas grande de pinguins.
Para conhecer os habitantes locais, os pesquisadores da Nasa se juntaram a cientistas do Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), da Universidade de Oxford e da Universidade do Estado da Louisiana em uma expedição para as ilhas com o objetivo de contar as aves.
Quando o grupo chegou em dezembro de 2015, eles encontraram centenas de milhares de pássaros aninhados no solo rochoso e imediatamente começaram a contar seus números à mão. A equipe também usou um drone para tirar imagens aéreas de toda a ilha.
Segundo os pesquisadores, a abundância de pinguins nas Ilhas Perigosas é importante para a compreensão da distribuição global da espécie e deve ser considerada no desenvolvimento de futuras medidas de conservação, como a criação de áreas de proteção marinha na Antártica.
O monitoramento da população também ajudará na conservação da espécie e pode ser usado para identificar ameaças ou mudanças no estado de conservação, principalmente as relacionadas às mudanças do clima.
No ano passado, a temporada de reprodução dos pinguins-de-adélia na Antártica teve um desfecho trágico: apenas dois de 36 mil filhotes de pinguins sobreviveram desde o início de 2017, em um retrato dramático do desequilíbrio ecológico que assola a região.
As mudanças na distribuição e espessura do gelo obrigaram os pinguins adultos a viajar longas e exaustivas distâncias, às vezes por 100 quilômetros. Enquanto esperavam, os filhotes morreram de fome e doenças provocadas por baixa imunidade.