Ciência

Medicamento para diabetes mostra resultado promissor para emagrecimento

O remédio ajudou pacientes a perder até 20% do peso corporal, aliado a dieta e exercícios

Female leg stepping on weigh scales. Healthy lifestyle, food and sport concept. (Getty Images/Getty Images)

Female leg stepping on weigh scales. Healthy lifestyle, food and sport concept. (Getty Images/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 18h53.

Última atualização em 16 de fevereiro de 2021 às 10h42.

Uma nova pesquisa mostrou resultados promissores sobre um medicamento que pode reduzir até 20% do peso corporal em pessoas obesas. A droga, atualmente usada para tratar o diabetes tipo 2, é chamada semaglutida e foi testada em 1.962 pacientes durante 68 semanas, em ensaios realizados em 16 países da América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia.

Nos testes descritos no estudo, publicado no periódico científico New England Journal of Medicine, um dos mais respeitados do meio científico, os pacientes receberam 2,4 miligramas do medicamento uma vez por semana, via injeção subcutânea.

Em média, os pacientes envolvidos no estudo perderam 15,3 kgs no período do estudo. Entre eles, 35% chegaram a perder um quinto do peso corporal (20%). Nenhum dos participantes do estudo tinha diagnóstico de diabetes.

“Nenhuma outra droga chegou perto de produzir esse nível de perda de peso - isso é realmente uma virada de jogo. Pela primeira vez, as pessoas podem alcançar por meio de drogas o que só era possível por meio de cirurgia para perda de peso”, afirmou, em nota, Rachel Batterham, que dirige o Centro de Pesquisa de Obesidade da University College London e é autora do estudo.

No organismo humano, o remédio simula a ação de um hormônio chamado peptídeo-1, que é semelhante ao glucagon (GLP-1). O glucagon é secretado pelo intestino na corrente sanguínea logo depois do consumo de uma refeição. Ele pode ajudar na saciedade e na redução da fome.

Os pacientes envolvidos no estudo seguiram recomendações de dietas de nutricionistas e praticaram exercícios para aumentar gasto calórico e manterem-se em déficit de calorias.

O estudo, porém, tem limitações. Ele não avalia, por exemplo, o que acontece com os pacientes após o tratamento com o remédio. O efeito sanfona, o ganho de peso rápido após uma dieta de restrição calórica, é um dos principais desafios da perda de gordura corporal. Especialistas apontam que o remédio não é uma bala de prata contra a obesidade, apesar dos resultados promissores do estudo.

Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em outubro de 2020, 96 milhões de pessoas no Brasil (60,3% da população adulta) têm excesso de peso, com índice massa corporal acima de 25 kg/m².  O quadro é mais comum entre mulheres (62,6%) do que em homens (57,5%), mas o problema de saúde tem aumentado para ambos os sexos desde 2002.

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