Ciência

Máscara é opção de proteção ao coronavírus, mas sem 100% de garantia

Como não estão completamente presas ao rosto, elas deixam o ar entrar sem filtragem e você pode haver inalação do vírus

Com coronavírus, chineses evitam sair de casa e usam máscaras  (Qilai Shen/Bloomberg)

Com coronavírus, chineses evitam sair de casa e usam máscaras (Qilai Shen/Bloomberg)

A

AFP

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 11h29.

Última atualização em 28 de janeiro de 2020 às 11h31.

São Paulo — As máscaras cirúrgicas, que voltaram a ser usadas aos milhares na Ásia devido ao avanço do novo coronavírus, são essenciais para as pessoas doentes e recomendadas nas regiões mais afetadas, mas não garantem uma proteção de 100% contra a epidemia em que está saudável.

Com a rápida disseminação da doença, que até agora deixou 106 mortos e mais de 4.500 infectados na China, as vendas de máscaras, geralmente baratas e de papel, explodiram na região, mas seu uso já é comum na Ásia contra a poluição, ou como medida de higiene em geral.

Na China, onde o novo coronavírus apareceu em dezembro e o uso de uma máscara é obrigatório em algumas províncias sob pena de multa, as farmácias estão ficando sem estoques, de Hong Kong a Pequim, passando por Xangai, Camboja e Japão.

Em vários sites on-line, os preços dispararam em função da demanda.

Fornecedores sobrecarregados

"Trezentos clientes por dia, principalmente chineses, estão atrás desse produto. Não temos mais nada em estoque, assim como todos os nossos fornecedores estão totalmente sobrecarregados", declarou à AFP Suphak Saphakkul, chefe de uma pequena farmácia em um shopping da capital tailandesa.

"Em 36 anos de carreira, eu só vi isso uma vez: durante a epidemia de SARS", acrescentou, referindo-se à Síndrome Respiratória Aguda Severa), que causou centenas de mortes em 2002 e 2003.

A situação não vai melhorar, já que a grande maioria dessas máscaras é fabricada na China.

Elas são eficazes?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha cobrir a boca e o nariz em caso de tosse e espirro, e é essencial para os doentes, a fim de limitar os riscos de contágio.

Mas para aqueles que não apresentam sintomas, sua "eficácia não está comprovada", segundo o Ministério da Saúde francês.

"Elas não dão 100% de garantia", diz Satoshi Hiroi, do Instituto de Saúde Pública de Osaka.

Como não estão completamente presas ao rosto, elas deixam o ar entrar sem filtragem e você pode inalar o vírus, explica.

Os especialistas também insistem em que, após algumas horas, devem ser trocadas, aconselhando os tipos mais caros, as chamados máscaras de proteção respiratória individual, compostas por uma peça facial e um dispositivo de filtragem de ar de uma vida útil mais longa.

Ainda é difícil se prevenir efetivamente contra o novo coronavírus. Há evidências de contaminação de pessoa para pessoa, mas ainda não se sabe se o vírus é propagado pelo ar, ou através do contato.

"Não sabemos exatamente de onde vem, não entendemos completamente como é transmitido e como se expressa em seus sintomas", disse Daniel A. Kertesz, representante da OMS na Tailândia.

"Lutamos contra um inimigo invisível. Usar uma máscara é melhor do que nada (e) pode tranquilizar a população e evitar uma histeria coletiva", alegou o farmacêutico Saphakkul.

A lavagem das mãos com sabão, ou álcool, e lenços de uso único também são recomendados para evitar a propagação do novo coronavírus.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasSaúde

Mais de Ciência

Cigarro eletrônico pode afetar saúde vascular e níveis de oxigênio — mesmo sem nicotina

De radiação à gravidade: passar meses no espaço faz mal ao corpo humano?

Mergulhadores descobrem maior animal marinho do mundo — e não é a baleia azul

20 frases de Albert Einstein para a sua vida