Ciência

Máscara e distanciamento não são o suficiente contra covid-19, diz estudo

Pesquisa foi realizada pelas universidades Técnica de Viena, da Flórida, de Paris, de Clarkson e pelo MIT; mesmo assim, medidas não devem ser descartadas

Máscara: cientistas não recomendam pausa no uso da proteção (Aleksandr Zubkov/Getty Images)

Máscara: cientistas não recomendam pausa no uso da proteção (Aleksandr Zubkov/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 08h36.

Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 16h35.

As máscaras e o distanciamento social podem não ser o suficiente contra o novo coronavírus. Ao menos é o que aponta um estudo realizado pelas universidades Técnica de Viena, da Flórida, de Paris, de Clarkson e também pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Isso porque, segundo os cientistas, "as bases científicas nas quais essas recomendações são baseadas têm décadas de idade e não refletem o estado atual do conhecimento". Cansaço? Estafa? Burnout? Faça da pandemia uma oportunidade de reset mental.

Apesar disso, os pesquisadores entendem que as máscaras são importantes para evitar que ainda mais gotículas de saliva de infectados sejam propagadas, "mas isso não deve te iludir em um falso senso de segurança", afirmam eles no documento publicado nesta terça-feira, 20. O estudo diz que "mesmo com uma máscara, gotículas infecciosas podem ser transmitidas em metros de distância e permanecem no ar por mais tempo do que o que era inicialmente imaginado".

Para chegar a essa conclusão, e ajudar o entendimento, as universidades trabalharam na construção de um modelo que identifica a propagação da covid-19. O que foi descoberto é que, em atividades típicas diárias, uma partícula infectada de cerca de dez micrômetros demora quase 15 minutos para chegar ao chão. Isso indica que é possível que se tenha contato com o vírus mesmo quando o distanciamento social está sendo aplicado --- como em elevadores. "Ambientes particularmente problemáticos têm uma umidade relativa alta, como salas de reunião pouco ventiladas", explicam os pesquisadores.

As partículas do vírus, mesmo sendo líquidas, se movem de forma gasosa, o que, para os cientistas, é algo bastante complicado. "As gotículas menores eram consideradas não prejudiciais, mas isso está errado. Mesmo quando a gotícula de água evapora, uma partícula de aerosol continua a existir no ambiente, o que pode conter o vírus. Isso faz com que a covid-19 se espalhe em distâncias maiores e continue presente no ar por muito mais tempo", explica o professor Alfredo Soldati, da Universidade Técnica de Viena, um dos autores do estudo.

Essa não é a primeira vez que o MIT, por exemplo, confronta as recomendações de um distanciamento social de um a dois metros de distância em locais públicos. Essa ideia de ficar de um a dois metros longe de outras pessoas para evitar infecções é baseada em uma teoria muito antiga (de 1890) — que, para os cientistas, não leva em conta outras particularidades da covid-19.

Pesquisas científicas sugerem que as gotículas da covid-19 conseguem viajar por mais de dois metros quando o infectado tosse ou grita, o que gera um espalhamento da saliva infectada por até oito metros — o que pode significar uma necessidade de aumentar ou reduzir o distanciamento social conforme necessário.

Mesmo assim, enquanto a nova cartilha, vacina ou tratamento não chega, o distanciamento social e o uso de máscaras não devem ser descartados.

Uma pesquisa publicada no jornal científico The Lancet, por exemplo, mostrou que a cada metro de distância que uma pessoa fica distante de outra infectada, o risco de disseminação do SARS-CoV-2 cai. O estudo em questão também mostrou que máscaras e proteções para os olhos reduzem os riscos de disseminação do vírus — as máscaras diminuem o risco de 17% para apenas 3%, e a proteção para os olhos mostrou uma redução de 16% para 6%.

 

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