Ciência

Máscara anti covid-19 da USP pode durar 12 horas e custa R$ 1,70

A universidade também ressalta que o ativo utilizado nas máscaras "pode ser aproveitado em uma série de outros produtos"

Máscaras: em tempos de coronavírus, elas se tornaram muito importantes para proteger as pessoas (Amanda Perobelli/Reuters)

Máscaras: em tempos de coronavírus, elas se tornaram muito importantes para proteger as pessoas (Amanda Perobelli/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 10h36.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 11h38.

Uma máscara antiviral desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a empresa Golden Technology é capaz de chegar até 12 horas de uso contra o novo coronavírus. Em testes feitos em laboratório, a máscara apresentou uma eficácia de 99,9% na eliminação do vírus e chegará ao mercado custando apenas 1,70 reais por unidade.

A máscara é fruto de um investimento de 2 milhões de reais e foi batizada de Phitta Mask. Em última fase de testes para a aprovação pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a máscaras já está sendo comercializada em algumas lojas.

Dinheiro do futuro? Descubra como investir em moedas virtuais. Comece agora!

Segundo a USP, um dos diferenciais dela é que ela pode ser utilizada por mais tempo do que as máscaras cirúrgicas comuns, com um efeito antiviral e eficiência de filtração bacteriana por 12 horas. A máscara cirúrgica comum, em comparação, precisa ser trocada a cada duas horas e descartada após o uso. As máscaras de tecido precisam ser lavadas constantemente para evitar a contaminação.

Outro ponto diferencial da máscara contra a covid-19 é que ela pode ser usada por três horas em um dia, por duas horas no outro, e assim sucessivamente até alcançar as suas 12 horas de uso. A universidade também ressalta que a máscara não é tóxica, "uma vez que uma quantidade muito pequena da substância já é suficiente para inativar o SARS-CoV-2". "Já testamos no laboratório vários antivirais que funcionaram contra o vírus, mas nenhum em uma concentração tão baixa quanto esse", ressalta o comunicado.

A USP também garante que, além disso, a substância antiviral "não é liberada no meio ambiente, seja durante seu uso ou no descarte". “O material pode ser processado em qualquer sistema de incineração convencional sem deixar resíduos tóxicos”, destacou o professor Koiti Araki do Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia do IQ no comunicado.

O material é mantido em segredo por conta do pedido da patente, mas interage com o oxigênio do ar tornando-o mais reativo. "O oxigênio, quando entra em contato com o tecido, se torna tão ativo quanto uma água oxigenada. Quando o vírus entra em contato com o material, ele é inativado. O diferencial é a produção contínua de pequenas quantidades em equilíbrio de um oxidante, usando uma substância que já existe naturalmente, e a segurança de um produto que não apresenta toxicidade relevante e é isento de metal", disse.

A substância havia sido estudada por cinco anos e, apesar da dificuldade em produzi-lo e nos baixos rendimentos encontrados, os pesquisadores conseguiram diminuir em mais de 90% a quantidade de resíduos e reagentes, e o tempo de produção.

(EXAME Academy/Exame)

Para garantir a eficácia da máscara, foram realizados testes em pacientes diagnosticados com covid-19 no Hospital das Clínicas. Eles utilizaram uma máscara comum por duas horas e, em seguida, usaram a máscara com o ativo por outras duas horas. Todos fizeram os testes PCR antes e depois do uso. "Isso é importante para saber se o produto realmente inativou o vírus ou se a máscara estava sem vírus porque os pacientes não estavam mais doentes e não eliminavam vírus", afirmou o pesquisador. O efeito antiviral de 99,9% foi observado em máscaras cirúrgicas, mas o mesmo não aconteceu com as máscaras N95. O motivo para isso, segundo a USP, foi a baixa adesão do material às mesmas.

A universidade também ressalta que o ativo utilizado nas máscaras "pode ser aproveitado em uma série de outros produtos", como em filtros de ar presentes em hospitais e em cremes dentais e enxaguantes.

Para comprar a máscara, basta entrar no site oficial dela. O acessório também está sendo comercializado em algumas farmácias.

As máscaras mais eficazes

Um estudo feito por pesquisadores australianos, publicado na revista científica Thorax, por exemplo, indica que as máscaras de apenas uma camada de tecido reduziram um pouco as gotas de saliva expelidas durante a fala, enquanto a opção com duas camadas se mostrou mais eficaz na proteção. Já a máscara com três camadas pode ser ainda mais eficaz do que as outras duas, apesar de não ter sido testada.

Uma versão com 12 camadas de pano, segundo um outro estudo publicado na revista científica The Lancet, é tão eficaz quanto a cirúrgica. Mas é claro que costurar tantas camadas é uma tarefa mais complicada do que deveria ser.

Apesar disso, os pesquisadores reforçam que usar uma máscara com apenas uma camada é melhor do que não usar nenhuma. Além de, é claro, praticar o distanciamento social.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasEpidemiasMortesPandemia

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido