Ciência

Marte pode ter passado por megainundações, diz Nasa

Cientistas também acreditam que, por causa da quantidade de água que existia no local na época, o planeta, muito provavelmente, era habitável

  (MARK GARLICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

(MARK GARLICK/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 14h42.

Última atualização em 24 de novembro de 2020 às 15h10.

O planeta Marte pode ter sofrido megainundações há 4 bilhões de anos, segundo um novo estudo publicado na revista científica Nature, realizado pelo rover Curiosity — que envolve cientistas das universidades de Jackson, Cornell, Hawaii e do Jet Propulsion Laboratory, da Nasa.

Segundo o novo estudo, essas inundações seriam as responsáveis pela forma como a superfície marciana é apresentada nos dias atuais e também foram responsáveis por alterar o clima do planeta, dando origem às ondulações na superfície do planeta. Nos últimos anos, foi descoberta uma quantidade considerável de água em Marte.

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A suspeita dos cientistas é que as inundações começaram quando um meteorito caiu no planeta vermelho, e seu impacto foi forte o suficiente para derreter os reservatórios de gelo de Marte, o que liberou vapor na atmosfera. Depois do vapor, foram criadas nuvens que carregavam as tempestades que, segundo as universidades, deram origem às megainundações.

Eles também acreditam que, por causa da quantidade de água que existia no local na época, o planeta, muito provavelmente, era habitável. "Marte no começo era um planeta muito ativo do ponto de vista geológico. Ele tinha as condições necessárias para suportar a presença de água na superfície — e, na Terra, onde tem água, tem vida", afirmou Alberto Fairén, um dos coautores do estudo, em um comunicado.

"Vida subterrânea não pode ser descartada"

Em setembro, um time de pesquisadores da Universidade Harvard e do Instituto de Tecnologia da Flórida (FIT, na sigla em inglês) apontou em um estudo que a existência de vida subterrânea em Marte ou na Lua não pode ser descartada. Segundo eles, analisar somente se existe água na superfície de um planeta ou satélite não é o suficiente para identificar se há ou não vida em um planeta e, por mais que Marte não tenha grandes corpos de água em sua superfície, algo pode existir camadas abaixo do que pode ser visto no planeta.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas construíram um novo modelo que leva em conta os limites térmicos, o tamanho, a temperatura da superfície e a quantidade de radionuclídeos encontrada no local. "Tanto a Lua quanto Marte não têm atmosferas que permitiram que água líquida existisse em suas superfícies, mas as regiões mais quentes se pressurizadas abaixo delas podem ser locais para a presença de vida em água líquida", explicaram eles em um comunicado sobre o estudo.

E eles podem estar certos. Isso porque uma nova pesquisa publicada na segunda-feira, 28, no prestigiado jornal científico Nature aponta que a existência de diversos corpos de água subglaciais foram encontrados no polo Sul de Marte com ajuda do Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding (Marsis), que coleta dados do planeta. Segundo o estudo, os corpos têm entre 10 e 30 quilômetros de comprimento e começam a cerca de 1,5 quilômetro abaixo do nível da terra marciana — mas não dá para saber, ainda, a profundidade de nenhum deles.

Sem contar que, em outubro, a Nasa confirmou a existência de água na parte iluminada da Lua. Ainda não se sabe se ela é potável e se é parecida com a água que temos na Terra, mas a descoberta traz novas perspectivas importantes para a exploração lunar, uma vez que sua existência pode facilitar a vida dos astronautas, tanto para o consumo quanto para oxigênio.

Ainda temos muito o que descobrir — e o espaço é vasto demais.

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