Ciência

Marte não tem CO2 suficiente para poder se transformar em nova Terra

Um artigo publicado nesta segunda-feira na revista "Nature Astronomy" indica que processo de "terraformação" não é "uma possibilidade viável para Marte

Marte: na semana passada foi anunciada a existência de um lago de água líquida e salgada sob uma calota de gelo no polo sul do planeta vermelho (ESO/M. Kornmesser/Reprodução)

Marte: na semana passada foi anunciada a existência de um lago de água líquida e salgada sob uma calota de gelo no polo sul do planeta vermelho (ESO/M. Kornmesser/Reprodução)

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EFE

Publicado em 30 de julho de 2018 às 14h56.

Última atualização em 30 de julho de 2018 às 18h15.

Madri — A "terraformação" é um processo hipotético que permitiria mudar as condições de um planeta para torná-lo habitável para as espécies da Terra, e Marte seria o candidato mais adequado para esta transformação se não fosse a falta de dióxido de carbono suficiente.

Um artigo publicado nesta segunda-feira na revista "Nature Astronomy" indica que o processo de "terraformação" não é "uma possibilidade viável (para Marte) com a tecnologia atual".

O planeta vermelho está no foco de interesse dos cientistas, mas também do grande público e as descobertas realizadas sobre suas caraterísticas geram manchetes nos veículos de comunicação, como na semana passada, quando foi anunciada a existência de um lago de água líquida e salgada sob uma calota de gelo no polo sul de Marte.

Dois especialistas das universidades americanas de Colorado Burden e Arizona, Bruce Jakosky e Christopher Edwards, respectivamente, revisaram a ideia da "terraformação" com base nos conhecimentos atuais sobre o planeta vermelho.

Entre as possíveis teorias para "terraformar" Marte se pensou na liberação na atmosfera de gases do efeito estufa armazenados em suas rochas e calotas polares, para que a atmosfera se torne mais densa, o planeta se aqueça e, assim, fazer com que a água líquida permaneça em sua superfície.

Os pesquisadores se concentraram no CO2 disponível no planeta vermelho, o único gás de efeito estufa presente em quantidade suficiente para produzir um aquecimento significativo.

Para isso, os cientistas usaram os dados proporcionados pelos rovers e sondas espaciais durante os últimos 20 anos relativos ao CO2 acessível tanto na superfície de Marte como nos reservatórios subterrâneos, assim como as contínuas emissões do gás para o espaço.

No melhor dos cenários, segundo os autores, o CO2 facilmente acessível "só poderia triplicar a pressão atmosférica de Marte", um quinto da mudança necessária para fazer com que o planeta fosse habitável, e aumentaria a temperatura em menos de dez graus.

Além disso, a maior parte de CO2 presente nos reservatórios não está disponível e, portanto, não pode ser facilmente liberado na atmosfera.

Assim, os autores concluem que "'terraformar' Marte usando o CO2 conhecido no planeta necessitaria de tecnologias que estão muito além das disponíveis atualmente".

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