Ciência

Marte já foi um planeta úmido no passado. Saiba para onde foi toda a água

Cientistas têm uma nova hipótese, que contraria a ideia já antiga de que ela simplesmente se perdeu no espaço escapando pela atmosfera superior

Marte: o planeta vermelho pode ter possuído água líquida em sua superfície aproximadamente o equivalente em volume à metade do Oceano Atlântico (cokada/Getty Images)

Marte: o planeta vermelho pode ter possuído água líquida em sua superfície aproximadamente o equivalente em volume à metade do Oceano Atlântico (cokada/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 17 de março de 2021 às 16h43.

Última atualização em 17 de março de 2021 às 17h01.

Marte já foi um mundo úmido, com água abundante na superfície. Mas isto mudou dramaticamente bilhões de anos atrás, o que deixou para trás a paisagem desolada que conhecemos hoje. Então o que aconteceu com a água? Cientistas têm uma nova hipótese.

Pesquisadores disseram nesta semana que algo entre 30% e 99% dela pode estar retido atualmente dentro de minerais na crosta marciana, o que contraria a ideia já antiga de que ela simplesmente se perdeu no espaço escapando pela atmosfera superior.

"Achamos que a maior parte da água de Marte se perdeu na crosta. A água se perdeu 3 bilhões de anos atrás, o que significa que Marte é o planeta seco que é hoje há 3 bilhões de anos", disse Eva Scheller, que busca um Ph.D. no Instituto de Tecnologia da Califórnia e principal autora do estudo financiado pela agência aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) e publicado nesta terça-feira no periódico científico Science.

No início de sua história, Marte pode ter possuído água líquida em sua superfície aproximadamente o equivalente em volume à metade do Oceano Atlântico — o suficiente para ter coberto todo o planeta com água, talvez a uma profundidade de 1,6 quilômetro.

A água é composta de um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio. A quantidade de um isótopo de hidrogênio, ou variante, chamado deutério presente em Marte fornece algumas pistas sobre a perda de água. Diferentemente da maioria dos átomos de hidrogênio que só têm um único próton dentro do núcleo atômico, o deutério — ou hidrogênio "pesado"— conta com um próton e um nêutron.

O hidrogênio comum pode escapar pela atmosfera rumo ao espaço mais imediatamente do que o deutério. Segundo os cientistas, a perda de água pela atmosfera deixaria para trás uma proporção muito grande de deutério na comparação com o hidrogênio comum. Os pesquisadores usaram um modelo que simulou a composição do isótopo de hidrogênio e o volume de água de Marte.

"Existem três processos essenciais dentro deste modelo: injeção de água do vulcanismo, perda de água para o espaço e perda de água para a crosta. Através deste modelo, e comparando-o com nossa série de dados de isótopo de hidrogênio, podemos calcular quanta água se perdeu para o espaço e para a crosta", disse Scheller.

Os pesquisadores sugeriram que grande parte da água não saiu do planeta, mas acabou presa em vários minerais que contêm água como parte de sua estrutura mineral — argilas e sulfatos em particular.

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