Ciência

Mariana Perroni: "Ainda não chegamos no pico de contaminação da covid-19"

Profissionais de saúde defendem a análise dos dados no combate da pandemia

A médica Mariana Perroni  (Fernando Moraes/Reprodução)

A médica Mariana Perroni (Fernando Moraes/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 9 de abril de 2020 às 12h15.

Última atualização em 9 de abril de 2020 às 12h49.

O combate a covid-19 é o maior desafio deste século. Profissionais de saúde do mundo todo são desafiados a descobrir como as tecnologias, os dados e a ciência podem ser efetivos neste momento.

Nesta quinta-feira, 9, Mariana Perroni, médica intensivista do Hospital Samaritano e ex-conselheira do IBM Watson Health e Ricardo Cappra, cientista chefe do Cappra Institute for Data Science Tecnologia, que trabalhou no combate da ebola, debateram o cenário atual da pandemia no Brasil e no mundo na Exame.talks.

"Ainda não chegamos no pico de contaminação da covid-19", diz Mariana. "Nos países em que a curva de contaminação foi contida, a diferença foi pautada em dados. E, com isso, a quarentena era mais efetiva ao isolar pessoas contaminadas com sintomas ou não".

Para Cappra, a matemática pega o que a gente tem de histórico e mostra o que pode acontecer no futuro. No caso de um vírus novo, cada dia é um modelo preditivo. "Todo dia a curva pode mudar e o achatamento é pensado só depois de algo acontecer".

Daqui para frente, por exemplo, 80% da população ainda pode pegar o vírus. Por isso, é importante pensar em como testar as pessoas, gerar estatísticas e ter números. "A onda de frio no Brasil deve trazer novos índices da pandemia", afirma Cappra.

Em menos de duas décadas já vimos cerca de cinco grandes doenças. E, é preciso pensar mais em como analisar os dados. "O modo de agir e pensar na saúde e no combate das doenças talvez não seja o ideal para o momento atual", diz Mariana.

O momento é de repensar o que é o sistema de saúde, como ele tem que se formar e até mesmo prever novas epidemias. As maquinas, por exemplo, estão coletando a informação numa capacidade que o ser humano não teria.

"O profissional de saúde não estava preparado para usar toda essa tecnologia e informação disponível", diz Cappra.

Um dos desafios é que não existe um banco que centralize todas as informações de forma transparente ao redor do mundo.

Segundo os profissionais, a forma como a informação do novo coronavírus se espalha é absurda. O volume de informações também dificulta a descoberta de um padrão de análise de suas características.

Por outro lado, a evoução do vírus está sendo analisada em tempo real no mundo todo a partir das informações.

 

 

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