Ciência

Maconha pode ser usada para amenizar vício em crack

Um estudo canadense aponta que usuários diminuem seu consumo de crack quando desejam substituí-lo por maconha

Maconha: usuários estudados afirmaram que usavam maconha numa tentativa de substituir a droga mais pesada (Pablo Porciuncula/AFP)

Maconha: usuários estudados afirmaram que usavam maconha numa tentativa de substituir a droga mais pesada (Pablo Porciuncula/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2017 às 11h17.

Última atualização em 25 de maio de 2017 às 12h06.

Você já deve ter escutado que a maconha é a porta de entrada para as drogas mais pesadas. O que um grupo de pesquisadores canadenses está defendendo, no entanto, é justamente o contrário.

De acordo com uma pesquisa realizada em Vancouver, a maconha pode diminuir o consumo de crack.

O grupo de pesquisadores das universidades canadenses de British Columbia, Montreal e Simon Fraser estudou, durante dois anos e meio, a rotina de 122 dependentes de crack que haviam relatado estar usando maconha e crack simultaneamente.

Os usuários estudados foram os únicos que, dentre uma amostragem de 2.000 pessoas, afirmaram que usavam maconha numa tentativa de substituir a droga mais pesada.

Os cientistas, então, pediram para os usuários descreverem, em detalhes, a quantidade de drogas usadas nos seis meses anteriores – e aplicaram, junto com esses relatos, o Teste chi-quadrado de Pearson e o Teste de Wilcoxon, técnicas utilizadas em pesquisas para minimizar a margem de erro dos depoimentos.

Depois disso, encontros periódicos semestrais eram feitos com os entrevistados, para entender como andava a rotina do dependente.

No total, mais de 640 entrevistas foram realizadas para o estudo. Nas conversas, os pesquisadores calculavam a quantidade de drogas consumida pelos usuários (“O uso de crack é diário? E o de maconha?”).

Os resultados apontaram que a Cannabis auxiliava na diminuição do consumo de crack. O número de usuários que faziam uso de crack diariamente caiu de 35% para pouco menos de 20% após o início do consumo conjunto das drogas. O uso de maconha, no entanto, subiu 10%.

(Taína Ceccato/Superinteressante)

A teoria, aliás, já vem sendo pensada de maneira tímida há algum tempo – em 2009, por exemplo, outro estudo deu resultados similares ao testar os efeitos da maconha em ratos viciados em heroína.

É importante ressaltar, no entanto, que o estudo tem grandes fragilidades: o número de entrevistados não é muito grande, ele se baseia em relatos (mesmo que submetidos a técnicas de correção) e a maior parte das pessoas observadas parou de comparecer às entrevistas conforme o tempo da pesquisa passava.

Por esse motivo, ele não deve ser visto como conclusivo, embora abra possibilidades para que a abordagem seja mais estudada quando se pensa no combate à dependência química.

“Um período de uso intencional de Cannabis visando a redução do consume de crack foi associado com uma queda na frequência no uso de crack”, concluíram os pesquisadores, que complementam

“Futuras pesquisas clínicas para avaliar o potencial dos canabinoides no tratamento contra o crack são necessárias”, finalizam.

Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.

Acompanhe tudo sobre:DrogasMaconhaCrackPesquisas científicas

Mais de Ciência

Nasa: pela 1ª em mais de 60 anos, mulheres são maioria em turma de astronautas

Wegovy em comprimido? Semaglutida oral tem sucesso na perda de peso, diz estudo

Último eclipse solar de 2025 ocorrerá neste fim de semana; saiba como assistir e o melhor horário

Cientistas criam primeiros vírus baseados em IA. O próximo passo? Desenvolver novas formas de vida