Ciência

Lua de Marte pode revelar segredos sobre o planeta vermelho

Os cientistas apontam que a Fobos orbita em uma corrente carregada de átomos e moléculas que viajam para fora da atmosfera de Marte. O que isso quer dizer sobre o planeta?

Marte: planeta continua a ser um mistério para os cientistas (Getty/Getty Images)

Marte: planeta continua a ser um mistério para os cientistas (Getty/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 08h25.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 11h03.

Um novo estudo divulgado pela Nasa aponta que a lua Fobos, de Marte, pode revelar segredos sobre o passado do planeta vermelho. De acordo com os pesquisadores, analisar o solo do satélite marciano poderia revelar informações importantes sobre a evolução da atmosfera do planeta.

Os cientistas apontam que a Fobos orbita em uma corrente carregada de átomos e moléculas que viajam para fora da atmosfera de Marte. Grande parte dessas partículas carregadas, ou íons, de oxigênio, carbono, nitrogênio e argônio, estão escapando Marte por bilhões de anos enquanto o planeta tem mudado sua atmosfera. Alguns íons, de acordo com os cientistas, têm colidido na superfície de Fobos, que podem ter sido preservados na camada superior.

Marte, muito tempo atrás, já teve uma atmosfera espessa o suficiente para suportar água líquida em sua superfície. Estimativas atuais apontam que o planeta vermelho é apenas 1% tão denso quanto a Terra.

"Sabemos que Marte perdeu a sua atmosfera para o espaço, e sabemos que boa parte dela foi parar em Fobos", afirmou Quentin Nénon, cientista na Universidade da Califórnia em Berkeley, e autor do estudo, à Nasa.

A Nasa ainda explica que Fobos é uma das duas luas de Marte, sendo que a segunda é chamada de Deimos. O satélite principal, por sua vez, orbita muito próximo do planeta (quase 60x mais perto do que a Lua orbita a Terra) e é 100 vezes menor em diâmetro do que a nossa Terra.

Ninguém sabe de onde vieram as luas de Marte – as teorias sugerem que elas podem ter sido asteróides atraídos pela gravidade marciana, ou satélites naturais que estavam na mesma nuvem que criou o planeta. Uma das outras teorias sugere que elas foram formadas de detritos que aumentaram sua velocidade quando o planeta colidiu com algo – uma hipótese similar a de como a nossa Lua foi formada.

É por isso que a Japan Aerospace Exploration Agency está preparando enviar uma missão de exploração marciana para Fobos em 2024, com o objetivo de coletar as primeiras amostras da lua e deixá-las na Terra.

"Com uma amostra do lado mais próximo da Fobos nós vamos poder ver um arquivo da atmosfera de Marte no passado", afirmou Nénon. "Isso nas partes superficiais dos grãos. Com grãos de maior profundidade, poderemos ver a composição primitiva da Fobos."

Os mistérios de Marte continuam – mas Fobos pode ser um pequeno passo para descobrir mais sobre o planeta.

Acompanhe tudo sobre:EspaçoMartePesquisas científicasPlanetas

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido