Ciência

Lua de Júpiter, Europa, pode ter vulcões submarinos ativos

Atividade vulcânica pode indicar capacidade de sustentar vida dentro do oceano; Nasa irá realizar missão em 2024 para investigar lua jupiteriana

Ilustração do planeta Júpiter acompanhado de uma de suas luas. (Nasa/JPL-Caltech/Reprodução)

Ilustração do planeta Júpiter acompanhado de uma de suas luas. (Nasa/JPL-Caltech/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 27 de maio de 2021 às 12h36.

A lua de Júpiter, Europa, pode ter vulcões ativos escondidos em seu oceano, que é coberto por uma crosta gelada na superfície do planeta.

A informação é de nova pesquisa da Geophysical Research Letters, que identificou atividade vulcânica no passado recente da Europa e que ainda pode estar acontecendo devido ao aquecimento do interior rochoso da lua.

Como a lua de Júpiter pode ter um vulcão?

Cientistas acreditam que a Europa abriga um oceano imenso entre a crosta gelada e o interior rochoso do planeta. A nova pesquisa da Geophysical fortalece a teoria, mostrando através de modelagem 3D que o calor interno da lua pode derreter parcialmente a camada rochosa, alimentando vulcões no fundo do oceano.

Agora, por que o manto rochoso fica tão quente? De acordo com o estudo, o motivo é a enorme atração gravitacional que Júpiter exerce sobre suas luas. Na medida que a lua Europa gira em torno do planeta jupiteriano, o interior da lua gelada se flexiona, forçando energia que vaza como calor. Quanto mais flexão acontece, mais calor é gerado.

Os autores previram ainda que a atividade vulcânica é mais provável de ocorrer perto dos polos da lua, já que as latitudes são onde a maior parte do calor é gerado.

Vulcão em lua indica possível existência de vida

A teoria dos pesquisadores é que a atividade vulcânica no fundo do mar da Europa seria uma forma de manter um ambiente habitável no oceano.

Os vulcões submarinos podem alimentar sistemas hidrotérmicos que ajudam a manter vida ativa no fundo dos oceanos. Na Terra, por exemplo, o contato entre a água do mar e o magma quente da Terra gera energia química capaz de alimentar a vida nas profundezas aquáticas, que não recebe luz solar.

“Nossas descobertas fornecem evidências adicionais de que o oceano subterrâneo de Europa pode ser um ambiente adequado para o surgimento de vida”, disse Marie Běhounková da Universidade Charles na República Tcheca, e líder do estudo. “Europa é um dos raros corpos planetários que pode ter mantido atividade vulcânica ao longo de bilhões de anos, e possivelmente o único fora da Terra que tem grandes reservatórios de água e uma fonte de energia de longa duração.”

Missão da Nasa irá oferecer respostas sobre Europa

Com lançamento previsto para 2024, a missão Europa Clipper da Nasa irá se aproximar da lua Europa e coletar informações que podem corroborar com as descobertas da nova pesquisa.

A espaçonave, com previsão de chegada para 2030, irá orbitar Júpiter e realizar sobrevoos pela lua jupiteriana para mapear a região e investigar sua composição através da coleta de amostras da atmosfera.

Os cientistas da Nasa acreditam que a troca de material entre o oceano e a crosta (que causa os vulcões) irá deixar vestígios de água na superfície, o que ajudará a coletar mais dados sobre o oceano da Europa. Além disso, a espaçonave mede a gravidade da lua e seu campo magnético, o que pode ajudar a confirmar atividade vulcânica.

“A perspectiva de um interior quente e rochoso e de vulcões no fundo do mar de Europa aumenta a chance de que o oceano de Europa seja um ambiente habitável”, disse Robert Pappalardo, cientista do projeto Europa Clipper e do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. "Podemos ser capazes de testar isso com a gravidade planejada de Europa Clipper e as medições composicionais, o que é uma perspectiva empolgante."

A missão Europa Clipper  diferentemente da missão Perseverance em Marte, por exemplo não é de detecção de vida, mas a investigação irá tentar descobrir a capacidade do oceano subterrâneo de sustentar vida, o que pode ajudar cientistas a entender melhor a evolução da vida na Terra e a possibilidade disso em outros planetas.

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