Terra: “É muito fácil colocar algo em órbita. Mas é dificílimo tirar esse objeto de lá.” (Nasa/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2017 às 18h25.
Dallas - O perigo ronda a órbita da Terra, com milhares de objetos desgarrados que circundam o planeta em alta velocidade -- e não se pode chamar alguém com um caminhão para limpar tudo.
Não são pedras errantes, e sim fragmentos e pedaços de todo o lixo que enviamos para lá nos 60 anos desde o Sputnik, desde minúsculas partículas de metal até objetos maiores -- todos viajando a milhares de quilômetros por hora.
Uma tarefa básica das operadoras espaciais é monitorar os detritos e desviar os veículos deles, independentemente de serem satélites não tripulados, foguetes com humanos ou até mesmo a Estação Espacial Internacional.
No futuro, contudo, algumas altitudes poderão exigir medidas de limpeza ativas, como quando se envia um parente bem intencionado para esvaziar a garagem do tio antes que ela vire um perigo de incêndio.
“É muito fácil colocar algo em órbita”, disse Bill Ailor, pesquisador da Aerospace. “Mas é dificílimo tirar esse objeto de lá.”
Esses objetos que viajam a alta velocidade, alguns a 29.000 quilômetros por hora, podem circular o globo por centenas de anos.
Enquanto isso, a sujeira na órbita baixa da Terra cresceu mais rapidamente na última década. Em janeiro de 2007, o governo chinês destruiu um satélite climático antigo com um teste de míssil, criando um total estimado de 2.500 pedaços de novos detritos.
Depois, em fevereiro de 2009, ocorreu a colisão de um satélite russo Cosmos fora de uso, de 860 quilos, com um satélite da Iridium Communications, de 540 quilos.
Esse choque, 790 quilômetros acima da Sibéria, gerou ainda mais detritos na órbita e boa parte deles atualmente cobre o planeta.
Com o tempo, esses detritos espaciais que se reuniram de forma constante em torno do planeta, em meio a mais lançamentos de satélites e colisões periódicas, podem muito bem atingir uma massa crítica.
O acúmulo acelerado de lixo em órbita aumenta a possibilidade de um efeito “cascata de colisões” chamado de Síndrome de Kessler.
Nomeado em alusão a Donald Kessler, um astrofísico da Nasa que descreveu o cenário em um estudo de 1978, esse fenômeno ocorre quando detritos voadores colidem e geram mais lixo, e assim sucessivamente.
Com o tempo, a órbita baixa da Terra se torna comercialmente duvidosa. (Pense em “Gravidade”, o filme hollywoodiano, mas sem o drama da ficção científica).
À medida que a exploração espacial patrocinada pelos governos lentamente dá lugar à indústria privada, o negócio de monitoramento do que já está lá em cima também se torna comercial.
Agora, há algumas empresas estudando formas de começar a limpar nossa grande garagem no espaço.
Todos que já pensaram no problema por alguns minutos concordam que é extremamente caro lançar satélites para simplesmente interceptar e recolher lixo.
Esse campo de pesquisa incipiente tem pelo menos duas regras essenciais: não criar mais detritos e cuidar do orçamento. E a maioria prefere transformar a atmosfera da Terra em parte da solução empurrando o lixo espacial para uma morte ardente.