Coronavírus: a hidroxicloroquina foi testada como tratamento para a covid-19 (JUAN GAERTNER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Reuters
Publicado em 2 de junho de 2020 às 21h15.
A publicação médica Lancet disse nesta terça-feira que "sérias questões científicas" foram trazidas à sua atenção sobre a validade dos dados de um estudo amplamente citado sobre os perigos do uso da hidroxicloroquina em pacientes hospitalizados com covid-19.
O estudo da Lancet, publicado em 22 de maio, apontou que a hidroxicloroquina e a cloroquina, medicamentos para tratar a malária, estavam ligadas a um risco aumentado de morte em pacientes hospitalizados com Covid-19.
Vários ensaios clínicos foram suspensos após a publicação do estudo.
A cloroquina e a hidroxicloroquina são defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo presidente norte-americano, Donald Trump, como tratamentos para a Covid-19, apesar da falta de comprovação científica de eficácia. Trump inclusive anunciou que tomou o remédio como forma de prevenção.
O artigo da Lancet, chamado "Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem macrolídeo para tratamento de Covid-19: uma análise de registro multinacional", foi um estudo observacional --o que significa que compilou dados do mundo real, em vez de realizar um ensaio clínico tradicional-- e usou dados fornecidos pela empresa de análise de dados de saúde Surgisphere.
Na semana passada, a Lancet publicou uma correção do estudo sobre a localização de alguns pacientes após críticas à sua metodologia, mas disse que as conclusões não foram alteradas.
Também na semana passada, quase 150 médicos assinaram uma carta aberta enviada à Lancet questionando as conclusões do artigo e pedindo a divulgação dos comentários da revisão por pares que levaram à publicação.