Ciência

‘Jurassic Park’ da vida real: âmbar equatoriano revela floresta perdida do tempo dos dinossauros

Estudo publicado na Nature identificou o maior depósito de âmbar da América do Sul, com fósseis de insetos e plantas preservados há mais de 100 milhões de anos

Âmbar: elemento central do filme é encontrado no Equador  (Universal Pictures/Reprodução)

Âmbar: elemento central do filme é encontrado no Equador (Universal Pictures/Reprodução)

Publicado em 21 de outubro de 2025 às 21h08.

Uma pesquisa publicada pela Revista Nature no fim de setembro revelou que pesquisadores encontraram o maior depósito de âmbar da América do Sul. 

O material foi encontrado no Equador, na região amazônica de Napo, e é uma resina de árvores que contém insetos fossilizados com 112 milhões de anos.

Esse é o maior depósito de âmbar da América do Sul e amplia o conhecimento sobre Gondwana, o antigo supercontinente que unia América do Sul, África, Austrália e Antártida.

A descoberta oferece dados inéditos sobre a biodiversidade e o clima tropical durante o auge dos dinossauros. A pesquisa revela que, enquanto o nordeste do Brasil tinha um clima árido na mesma época, o oeste do continente abrigava florestas úmidas e ricas em vida.

Jurassic Park da vida real

O âmbar é uma resina de árvore fossilizada e de cor amarela alaranjada. O material se popularizou em 1993, quando Steven Spielberg lançou o clássico Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros

No filme, arqueólogos encontraram DNA de dinossauros no fóssil de um mosquito pré-histórico que ficou preso em âmbar. Os cientistas então usaram essa amostra para clonar dinossauros, embora na realidade isso seja considerado impossível.

Como o âmbar se formou?

O âmbar encontrado se originou da resina de árvores da família Araucariaceae, ancestrais das atuais araucárias. Ele ficou preservado por milhões de anos em rochas ricas em petróleo, que o protegeram da decomposição.

O âmbar formado das raízes das árvores não apresenta nenhuma inclusão biológica. Já o material formado nos galhos e troncos contém fósseis de insetos e fragmentos vegetais. 

Retrato da fauna e flora

Foram encontradas 21 fósseis, incluindo moscas, besouros, vespas, insetos aquáticos e um fragmento de teia de aranhas. 

Segundo os pesquisadores, esses achados sugerem um ambiente úmido, com rios e lagos próximos às árvores.

No mesmo local foram achados fósseis de folhas, pólen e esporos de samambaias, coníferas e as primeiras angiospermas (plantas com flores).

Essa é a evidência mais antiga de folhas de angiospermas já encontrada no noroeste da América do Sul. A diversidade é alta: foram 68 tipos de grãos de pólen identificados, com predominância de araucárias.

Próximos passos

Agora, o material do âmbar coletado será preservado no Laboratório de Paleontologia da Escuela Politécnica Nacional, em Quito.

Novas escavações na Formação Hollín devem revelar espécies inéditas de insetos e plantas. 

Diferente do Jurassic Park, os pesquisadores não planejam trazer espécies de volta à vida, mas esperam poder comparar o ecossistema equatoriano com outros depósitos de Gondwana, como os da Antártida, África e Austrália.

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