Júpiter: cientistas querem entender o motivo do planeta ter tempestades com relâmpagos (Rainer Zapka / EyeEm/Getty Images)
Laura Pancini
Publicado em 13 de maio de 2021 às 11h01.
Última atualização em 13 de maio de 2021 às 11h04.
Os telescópios Hubble e Gemini North, localizado no Havaí, capturaram três imagens do planeta Júpiter em três tipos diferentes de luz: infravermelho, vísivel e ultravioleta.
Todas as imagens foram feitas simultaneamente no dia 11 de janeiro de 2017, às 12h41 no horário de Brasília, e mostram detalhes impressionantes do maior planeta do sistema solar, que podem ajudar astrônomos a entender mais sobre a atmosfera do planeta.
Ao tirar as imagens em três luzes diferentes, os comprimentos de onda de luz também se alteram e permitem que cientistas obtenham percepções que não podem ser vistas de outras formas. No caso de Júpiter, a aparência do planeta é diferente nas luzes infravermelha, vísivel e ultravioleta.
Em comprimentos de onda infravermelhos, por exemplo, a Grande Mancha Vermelha do planeta — uma tempestade persistente, gigante o suficiente para engolir a Terra inteira — não aparece, mas é uma característica marcante nas imagens vísivel e ultravioleta.
Isso acontece porque "as observações infravermelhas mostram áreas cobertas por nuvens espessas, enquanto as observações visíveis e ultravioletas mostram as localizações dos cromóforos, partículas que dão à Grande Mancha Vermelha sua tonalidade distinta ao absorver luz azul e ultravioleta", de acordo com informações do NOIRLab, centro norte-americano de astrofísica.
A Grande Mancha Vermelha não está desacompanhada em Júpiter. Uma outra região, apelidada de Red Spot Jr. (ou Oval BA, como é conhecida pelos cientistas do planeta), também tem um sistema de tempestades que pode ser observado nas luzes visível e ultravioleta.
O Red Spot Jr. se formou nos anos 2000, quando três tempestades de tamanho semelhante se fundiram. Na imagem do comprimento de onda visível, é possível observar um pequeno círculo com uma borda externa vermelha e um centro branco na parte inferior do planeta.
A Grande Mancha Vermelha, cuja descrição é igual ao nome, está ao lado esquerdo do Oval BA. Já acima do Oval BA, é possível observar uma terceira supertempestade, que aparece como uma faixa branca diagonal.
Já na luz infravermelha, um vórtice ciclônico pode ser identificado como uma faixa brilhante no hemisfério norte de Jupiter. Ele se estende por 72.000 quilômetros de leste a oeste. Voltando para a imagem com comprimentos de ondas visíveis, é possível ver o ciclone na cor marrom escuro — o que levou ao apelido de "barcaça marrom" após imagens da Nasa capturadas pela espaçonave Voyager.
Logo abaixo da barcaça marrom, é possível identificar quatro grandes "pontos quentes", que aparecem escuros nas visualizações visível e ultravioleta.
A equipe de cientistas por trás das imagens irá usar os dados para entender como tempestades com relâmpagos se formam em Júpiter, além de investigar camadas mais profundas da atmosfera do planeta e sondar os buracos nas nuvens da Grande Mancha Vermelha.