Ciência

Júpiter encolheu? Planeta já foi duas vezes maior do que é hoje, diz estudo

Dimensões do gigante gasoso tiveram um papel crucial na formação do sistema solar como o conhecemos

Júpiter: gigante gasoso é o maior planeta do nosso sistema solar (Heritage Space/Heritage Images/Getty Images)

Júpiter: gigante gasoso é o maior planeta do nosso sistema solar (Heritage Space/Heritage Images/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de maio de 2025 às 15h42.

Última atualização em 21 de maio de 2025 às 15h49.

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Um dos traços mais marcantes de Júpiter é seu tamanho colossal. Com um diâmetro superior a 142.100 quilômetros, o maior planeta do nosso sistema solar tem uma largura 11 vezes maior que a da Terra e possui o dobro da massa combinada dos demais planetas do sistema.

No entanto, com base em cálculos recentes que utilizaram algumas das menores luas do gigante gasoso, astrônomos agora acreditam que Júpiter já foi mais que duas vezes maior do que é hoje, exibindo um campo magnético 50 vezes mais intenso. Essas dimensões não são apenas impressionantes, mas tiveram um papel crucial na formação do sistema solar como o conhecemos. Os detalhes dessas descobertas foram publicados nesta terça-feira, 20, na revista Nature Astronomy.

Para compreender melhor os estágios iniciais de Júpiter, os pesquisadores estudaram duas de suas menores luas — Almathea e Tebe — que orbitam o planeta em trajetórias ligeiramente inclinadas, a aproximadamente 180.100 e 222.000 quilômetros acima das nuvens superiores de Júpiter.

Analisando as variações nessas órbitas, junto à conservação do momento angular do planeta, a equipe estimou o raio e o estado interno de Júpiter cerca de 3,8 milhões de anos após a formação dos primeiros sólidos do sistema solar. Naquele período, o Sol estava cercado por um disco de material chamado nebulosa protoplanetária, que gradualmente se dissipava conforme os planetas se formavam. Segundo os cálculos, Júpiter primordial tinha entre duas e duas vezes e meia o tamanho atual, com um campo magnético significativamente mais forte.

“É impressionante que, mesmo após 4,5 bilhões de anos, ainda existam evidências suficientes para reconstruir o estado físico de Júpiter em seus primórdios”, declarou Fred Adams, professor de física e astronomia na Universidade de Michigan e coautor do estudo.

Por que o fenômeno ocorreu?

Focando em dados mensuráveis das luas de Júpiter e na conservação do momento angular, os cientistas conseguiram evitar muitas incertezas comuns nos modelos de formação planetária, que costumam exigir suposições sobre variáveis como opacidade do gás, taxa de acreção e massa do núcleo formado por elementos pesados.

De acordo com os pesquisadores, os novos cálculos aprimoram não só a compreensão sobre Júpiter, mas também podem ser aplicados à evolução de outros planetas gigantes orbitando estrelas. Eles reforçam a ideia de que gigantes gasosos se formam geralmente por acreção do núcleo — quando o gás se acumula rapidamente em volta de um núcleo de gelo e rocha.

“Nosso objetivo final é entender nossas origens, e identificar as fases iniciais da formação planetária é fundamental para resolver esse quebra-cabeça”, afirmou Konstantin Batygin, professor de ciências planetárias no California Institute of Technology e coautor do estudo. “Isso nos aproxima da compreensão não apenas da formação de Júpiter, mas de todo o sistema solar.”

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