Jogadoras: os impactos frequentes da bola com a cabeça e as colisões com outros jogadores em campo podem causar os problemas cognitivos (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2017 às 17h29.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2017 às 17h29.
Uma nova pesquisa traz uma preocupação e um alerta para o mundo da bola: jogadores de futebol profissionais correm o risco de ter os mesmos danos cerebrais que lutadores de boxe. E, entre as consequências, estão a demência e a morte precoce.
Os impactos frequentes da bola com a cabeça e as colisões com outros jogadores em campo podem causar os problemas cognitivos. Para chegar à conclusão, neurologistas da University College London realizaram, com a permissão de familiares, exames póstumos em seis homens que morreram com demência – todos tiveram uma longa carreira no futebol (em média, 26 anos jogando) e eram ótimos cabeceadores.
Nos testes, foram encontradas evidências de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), que pode causar demência, em quatro dos seis cérebros analisados. Também foi detectado que a doença apareceu dez anos mais cedo – em comparação com a média das pessoas “comuns” que sofrem com o mal. E todas as amostras apresentaram sinais de mal de Alzheimer.
Especialistas afirmam que devem fazer mais pesquisas para provar que realmente existe uma ligação entre o gol de cabeça e a demência, e acrescentam que o risco é mínimo para os que jogam ocasionalmente.
“Se pudermos demonstrar que o risco é maior em jogadores do que na população normal, então precisaremos pensar em estratégias preventivas”, explicou Helen Ling, uma das autoras da pesquisa, ao Telegraph. O estudo, que foi publicado na revista Acta Neuropathologica, ganhou o apoio da chefe de medicina da Associação de Futebol da Inglaterra (FA), Charlotte Cowie. A médica, inclusive, disse que a FA deve colaborar para que os resultados sejam completos e sirvam de referência para a comunidade esportiva.
No hall dos jogadores que foram estudados e foram vítimas da demência, há alguns famosos: Bellini (1930 – 2014), que foi capitão da Seleção Brasileira na conquista do primeiro título mundial, em 1958; e Jeff Astle (1942 – 2002), atacante da Seleção da Inglaterra e campeão mundial em 1966.
Em 2014, na final da Copa do Mundo, o volante alemão Christoph Kramer se chocou com um jogador da Argentina e foi substituído no primeiro tempo. Até hoje ele não se lembra que seu time foi campeão mundial e nem da comemoração do título, que rolou logo em seguida.
Texto publicado originalmente no portal Superinteressante.