Ilustração do jato azul na estratosfera (DTU SPACE, DANIEL SCHMELLING/MOUNT VISUAL/Reprodução)
Laura Pancini
Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 14h26.
Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 14h58.
Um grupo de cientistas de diversos países conseguiu registrar uma visão clara de uma faísca que dispara um tipo diferente de relâmpago, chamado de "jato azul".
Os jatos azuis são um fenômeno raro e duram milissegundos. São descargas elétricas que disparam do topo das nuvens de uma tempestade até 50 quilômetros na estratosfera. Ao contrário dos relâmpagos normais, eles estimulam o nitrogênio estratosférico e acabam criando esse tom azul mesmerizante com a mistura.
Os jatos não podem ser vistos da superfície da Terra, por causa da distância e das nuvens da tempestade que os escondem, mas a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) conseguiu detectá-los com seu equipamento de observação do tempo. Os pesquisadores relataram, em artigo publicado na revista Nature, que um jato azul emergiu "de uma explosão extremamente breve e brilhante" perto do topo de uma nuvem de tempestade.
Para Torsten Neubert, um físico atmosférico que participou do estudo, a faísca que gerou o jato azul pode ter sido um tipo especial de descarga elétrica dentro da nuvem. "A mistura turbulenta no alto de uma nuvem pode trazer regiões com cargas opostas a cerca de 1 quilômetro uma da outra, criando explosões muito curtas, mas poderosas, de corrente elétrica", disse ele.
A estação espacial observou o jato azul em fevereiro de 2019, em uma tempestade sobre o Oceano Pacífico, perto da ilha de Nauru. Ele foi detectado por fotômetros, que são câmeras e instrumentos de detecção de luz.
De acordo com o físico espacial Victor Pasko, que não estava envolvido no estudo, observar esses fenômenos é importante porque eles podem afetar como as ondas de rádio propagam através do ar, potencialmente impactando tecnologias de comunicação.