J&J: anvisa recebeu pedido para avaliação de estudos da vacina da Janssen (Budrul Chukrut/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 27 de novembro de 2020 às 21h58.
Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 22h02.
A farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson, enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de submissão contínua para o registro da vacina contra covid-19, a AD26.COV2.S.
"Com a abertura do processo, o laboratório enviou também o primeiro pacote referente aos dados de qualidade do produto", disse a Anvisa em comunicado.
Segundo informações divulgadas pelo G1, a Janssen já protocolou o primeiro pacote de dados com informações sobre a vacina nesta sexta-feira (27). Os técnicos da Anvisa terão até 20 dias para analisar os documentos. Este é o quarto pedido de submissão contínua — a agência já recebeu documentos da Pfizer, da União Química (Sputnik V) e da Sinovac (CoronaVac).
A Anvisa aprovou na semana passada uma instrução normativa que permitirá acelerar o registro de vacinas contra a covid-19 no país, autorizando os laboratórios que testam medicamentos a apresentar documentos e dados técnicos conforme forem gerados, sem ter de esperar por todos os documentos para abrir o processo de registro.
A agência ressaltou em seu comunicado que "a submissão contínua ainda não é o pedido de registro da vacina".
Em setembro, a Johnson & Johnson deu início a fase final de testes de sua vacina. Os testes estão sendo feitos com cerca de 60 mil pessoas em três continentes. A vacina da companhia americana terá apenas uma dose — mesma tecnologia para sua vacina contra o ebola — e está sendo testada nos Estados Unidos, Brasil, Argentina, Colômbia, África do Sul, entre outros.
Os testes foram pausados após um paciente ficar doente em outubro, mas foram retomados pois não foi encontrada a relação entre o efeito adverso com a vacina.
A J&J recebeu 1,45 bilhão de dólares do governo americano, parte de uma iniciativa para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus que matou quase 215.000 pessoas no país.
Por Tamires Vitório
Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.
Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.
Isso porque a eficácia de uma vacina é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que a tomam, ou seja, se 75% da população for vacinada, a proteção precisa ser 70% capaz de prevenir uma infecção para evitar futuras pandemias e 80% eficaz para acabar com o surto de uma doença.
As perspectivas mudam se apenas 60% das pessoas receberem a vacinação, e a eficácia precisa ser de 100% para conseguir acabar com uma pandemia que já estiver acontecendo — como a da covid-19.
Isso indica que a vida pode não voltar ao “normal” assim que, finalmente, uma vacina passar por todas as fases de testes clínicos e for aprovada e pode demorar até que 75% da população mundial esteja vacinada.