Black Mirror: em episódio, sensor capta onda cerebrais e as transforma em imagens (Black Mirror/Netflix/Reprodução)
Lucas Agrela
Publicado em 27 de fevereiro de 2018 às 11h01.
Psicólogos da Universidade de Toronto, no Canadá, criaram um mecanismo de inteligência artificial que pode, em suma, ler nossas mentes com uma taxa de acerto assustadora. O algoritmo é capaz de recriar imagens vistas por humanos baseado em suas atividades cerebrais, captadas por eletrodos.
Para chegar nesse resultado, o time de pesquisadores começou a alimentar a rede neural com um número imenso de fotografias de rostos, ensinando-a a reconhecer características e padrões. A partir disso, o próximo passo foi ensinar a associar essas características com padrões de atividade cerebral gravadas nos eletroencefalogramas, enquanto pessoas observavam os rostos que a máquina tinha aprendido.
“Quando vemos algo, nosso cérebro cria uma percepção mental, que é praticamente uma impressão daquilo”, afirmou Dan Nemrodov. “Usamos o eletroencefalograma para conseguir uma ilustração direta do que está acontecendo no cérebro durante o processo”, completou.
Voluntários no experimento tiveram os sensores acoplados a eles antes de enxergarem as imagens de rostos. Neste momento, a inteligência artificial foi capaz de reconstruir faces utilizando a informação lida pelos sensores com uma taxa de acerto assustadora. “Não houve apenas uma reconstrução da percepção, mas também do que a pessoa imaginava e lembrava, daquilo que elas queriam expressar”, complementou Adrian Nestor, coautor do estudo.
A equipe espera que a descoberta possibilite aplicações práticas no futuro, como o auxílio a pessoas que não se comunicam verbalmente. Uma outra possibilidade um pouco mais Black Mirror é combater o crime, coletando informação de testemunhas para identificar possíveis suspeitos – em vez de simplesmente confiar em descrições verbais. Exatamente como o episódio “Crocodile”, da quarta temporada da série, na qual uma investigadora de seguros interroga pessoas com uma máquina que reconhece memórias.
A pesquisa completa foi publicada no periódico eNeuro.
*Este conteúdo foi originalmente publicado na Superinteressante