Brasil

Inovações em ciência e tecnologia são desafio para América Latina

Autoridade brasileira no setor lembra do caso da Coreia do Sul, que impulsionou a área de inovação com investimentos

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, mantido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (Fabiano Accorsi/VEJA)

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, mantido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (Fabiano Accorsi/VEJA)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2010 às 10h25.

Buenos Aires - Pela primeira vez, ministros e outras autoridades de nações da América Latina se encontraram para discutir o papel da ciência e da tecnologia na agenda socioeconômica de seus países. O resultado do encontro, encerrado na semana passada em Buenos Aires, mostrou que os países do continente consideram o setor uma área que incorpora componentes aplicáveis ao segmento produtivo e que, com isso, também pode abrir espaço à competitividade comercial.

Ana Paula Kobe, assessora de Ciência e Tecnologia da embaixada brasileira na capital argentina, participou do encontro e disse à Agência Brasil que o uso das ferramentas desse setor torna-se o grande desafio dos governos latino-americanos porque atualmente nenhum deles quer depender exclusivamente de suas exportações agrárias.

“Hoje, [ter] um grande componente tecnológico impulsiona as empresas”, disse a assessora. “Há 20, 30 anos, a Coreia do Sul investia pouco em ciência e tecnologia. Desde que o governo local passou a encarar o setor como prioridade, o país conseguiu estar entre os primeiros do mundo na área de inovação, da apresentação de propostas científico-tecnológicas que mudaram não apenas a própria Coreia do Sul, mas também chegaram ao resto do mundo.”

Ana Paula Kobe disse que os ministros e autoridades de ciência e tecnologia da América Latina assinaram uma Declaração de Buenos Aires que não é apenas um documento com afirmações genéricas distribuído ao fim de um encontro internacional. “O diferencial da Declaração de Buenos Aires é que ela já identifica os temas prioritários para a cooperação dos países latino-americanos no setor de ciência e tecnologia. Entre eles estão as mudanças do clima, a segurança alimentar, as energias alternativas, a saúde e a prevenção de desastres naturais.”


Um exemplo de como a ciência e a tecnologia podem ser aplicadas na vida prática das pessoas é o uso da TV digital na prevenção de desastres naturais. Nas regiões do mundo onde ocorrem, com relativa frequência, abalos sísmicos, terremotos, enchentes e outras fenômenos da natureza, a TV digital pode servir como ferramenta para o envio de alertas e informações sobre segurança para que os cidadãos tenham tempo suficiente de procurar abrigo.

Segundo Ana Paula Kobe, esta é uma aplicação da ciência e da tecnologia que entra no cotidiano das pessoas, tornando-se uma ferramenta de uso prático e não apenas uma complicada fórmula de laboratório. “Uma pessoa pode estar usando uma roupa que é mais resistente ao desgaste porque foi produzida dentro dos princípios da nanotecnologia [área da ciência que manipula o próprio átomo para a produção de novos materiais e estruturas químicas]”.

Os ministros e autoridades de ciência e tecnologia da América Latina reunidos em Buenos Aires propuseram a criação de um grupo para elaborar uma agenda de trabalho. Esse documento deverá estar pronto até março de 2011, quando os ministros de Ciência e Tecnologia que participaram do encontro em Buenos Aires estarão novamente reunidos, desta vez na cidade mexicana de Guanajuato.

“A estimativa é que um ano de produção na indústria tecnológica corresponde a sete anos de qualquer outra indústria. Não há tempo a perder. É preciso ser rápido e os países latino-americanos estão conscientes de que devem se apressar para fazer da ciência e da tecnologia um componente importante da sua agenda produtiva”, justificou a assessora.

Acompanhe tudo sobre:InovaçãoInvestimentos de empresas

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP