Ciência

Ingerir muito sal pode prejudicar o sistema imunológico, diz pesquisa

Pesquisadores da Alemanha descobrem que ingestão exagerada de sal pode inibir células imunológicas

Pesquisas: estudo indica que ingestão exacerbada de sal pode prejudicar sistema imunológico (GettyImages/Reprodução)

Pesquisas: estudo indica que ingestão exacerbada de sal pode prejudicar sistema imunológico (GettyImages/Reprodução)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 27 de março de 2020 às 05h55.

Última atualização em 27 de março de 2020 às 14h39.

Segundo um estudo realizado pelo Hospital Universitário de Bonn, na Alemanha, manter uma dieta rica em sal pode prejudicar, além da pressão sanguínea, o sistema imunológico. A partir de uma análise de laboratório com ratos, os pesquisadores descobriram que alimentos com bastante sal podem gerar infecções bacterianas graves no organismo.

Publicado na revista Science Translational Medicine, a pesquisa consistiu em analisar os efeitos que a ingestão excessiva de sal pode causar nos indivíduos. No caso dos voluntários humanos, eles consumiram seis gramas a mais de sais do que geralmente consomem - e isso causou problemas imunológicos, assim como nos ratos de laboratórios. O valor ingerido é o mesmo do que comer duas refeições de fast-food por dia.

O recomendado pela Organização Mundial da Saúde é que humanos consumam, no máximo, uma colher de chá de sal por dia, o que corresponde a cinco gramas diárias. O Instituto Kobert Koch, que faz parte do governo federal alemão, aponta que é comum que os alemães excedam o número sugerido. De acordo com a agência, os homens ingerem cerca de 10 gramas de sal por dia, enquanto as mulheres ingerem cerca de 8 gramas. 

Anteriormente, já era de conhecimento dos pesquisadores de que muito sal no organismo aumenta a pressão sanguínea, aumentando as chances de um ataque cardíaco ou derrame. Christian Kurts, do Instituto de Imunologia Experimental da Universidade de Bonn, acrescentou, em nota no estudo, que a descoberta é inesperada. Outros estudos anteriores apontavam que o cloreto de sódio era capaz de matar parasitas presentes no organismo de animais, o que demonstra uma melhora significativa da imunidade.

Mas Katarzyna Jobin, principal autora do estudo, acredita que sua pesquisa demonstra que não é possível generalizar com um único estudo. Ela acrescentou que, por outro lado, existem partes do corpo dos animais que não são expostas diretamente ao sal que vem dos alimentos. Nesse caso, o cloreto é filtrado pelos rins e sai pela urina, o que ativa um sensor que faz com que o glicocorticóides, que inibem a função de células imunizadoras - granulócitos -, estejam acumulados no organismo. Quando isso acontece, o corpo fica indefeso e a quantidade de bactérias e parasitas aumenta consideravelmente.

No caso dos humanos, a pesquisa também demonstrou que a ingestão exacerbada de sal também aumentou o nível de glicocorticóides. Para Kurts, o único meio de descobrir tal acontecimento é investigando o organismo como um todo: "Somente através de investigações em um organismo inteiro fomos capazes de descobrir os complexos circuitos de controle que levam da ingestão de sal a essa imunodeficiência. Nosso trabalho, portanto, também ilustra as limitações de experimentos puramente com culturas de células", acrescentou o pesquisador.

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