Pedestres usando máscara de proteção contra covid-19 atravessam uma rua no Rio de Janeiro (Fabio Teixeira/Anadolu Agency via/Getty Images)
Ligia Tuon
Publicado em 13 de julho de 2020 às 10h06.
Última atualização em 13 de julho de 2020 às 15h24.
Um estudo recente da Universidade King´s College reforça suspeita já levantada por cientistas: a imunidade que as pessoas desenvolvem após contrair a covid-19 tem vida curta.
Os cientistas analisaram a resposta do corpo ao vírus em 90 pacientes e profissionais da área de saúde até 94 dias depois da infecção e verificaram que os anticorpos criados pelo sistema imunológico podem ser reduzidos a ponto de a pessoa perder sua imunidade em meses, assim como acontece com um resfriado comum.
A reação do corpo pode variar de pessoa para pessoa: enquanto 60% dos indivíduos estudados mostraram uma resposta forte dos anticorpos no auge da doença, mas só 17% mantiveram a mesma potência depois de três meses. Em alguns casos, os anticorpos se tornaram indetectáveis.
O resultado do estudo foi publicado para a comunidade cientifica, mas ainda é preliminar. Se a tendência for confirmada, na prática, pode significar mais um desafio para o desenvolvimento de uma vacina. Os especialistas temem que, se a defesa do organismo vai sumindo em três meses após o pico da doença, a vacina possa ter o mesmo efeito.
Pode ir contra também a chamada "imunidade do rebanho", teoria segundo a qual o efeito de proteção que apareceria numa realidade onde grande parte da população se vacinou ou adquiriu anticorpos naturais contra um vírus seria capaz de controlar a doença.
O estudo do King's College é o primeiro a monitorar os níveis de anticorpos em pacientes e trabalhadores de hospitais por três meses após o surgimento dos sintomas.