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Estudos investigam por que homens morrem mais por coronavírus

Estudos com base em pacientes europeus apontam fatores que agravam a situação do vírus para homens

 (Buda Mendes/Getty Images)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 12 de maio de 2020 às 16h33.

Última atualização em 12 de maio de 2020 às 17h05.

Em todo o mundo, pacientes homens morrem mais do que mulheres quando infectados pelo novo coronavírus. Diante da situação, pesquisadores começaram a analisar possíveis fatores que pudessem causar essa disparidade na letalidade da covid-19 no sexo masculino, como biomarcadores e tratamentos para outras doenças, como o câncer.

Para buscar formas de amenizar a mortalidade mais alta entre homens, pesquisadores buscam abordagens diferentes das usadas para mulheres. Publicado no periódico científico Annals of Oncology, um estudo realizado pela Università della Svizzera italiana, na Suíça, indica que homens que estão realizando terapias de privação de andrógenos, TDA, para se curar do câncer de próstata podem estar menos suscetíveis à contaminação pelo novo coronavírus.

O TDA impede a produção de testosterona, visto que os cânceres se intensificam nos hormônios masculinos. Somando com pesquisas anteriores, os cientistas concluíram que homens têm duas vezes mais chances de morrerem pela doença do que mulheres. O estudo foi realizado com 9.280 pacientes, entre os quais 4.532 eram homens.

Andrea Alimonti, professor da Universidade e um dos autores do estudo, comentou em nota que os diversos tipos de câncer foram um fator de risco para pacientes italianos. Embora não tenha sido possível confirmar o que fez com que o câncer se tornasse um fator de risco, Alimonti reforça que a condição foi relevante na região de Vento.

Segundo a pesquisa, homens com câncer de próstata tiveram risco 1,8 vez maior de contrair o novo coronavírus do que os homens sem a doença. Para os homens com o câncer que fizeram terapias de privação de andrógenos, a taxa de infecção foi um quarto da taxa de 0,31% presente nos homens que não realizaram a terapia.

Ainda que não tenha sido apontada outra diferença entre os homens que realizaram a terapia e os que não realizaram, é importante ressaltar que todos os que passaram pelo tratamento sobreviveram.

Em um estudo realizado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, os pesquisadores relatam que homens têm concentrações maiores de enzima conversora de angiotensina 2, (ACE-2, na sigla em inglês), em sua corrente sanguínea, o que pode ser um fator que explique os homens serem mais vulneráveis do que as mulheres.

O coronavírus, quando entra no organismo humano, se conecta a essas enzimas ACE-2 para injetar material genético nas células do hospedeiro e se replicar, causando os conhecidos sintomas da covid-19, como febre e dificuldade para respirar. 

Analisando pacientes de mais de 11 países europeus, sendo 1.123 homens e 575 mulheres, os pesquisadores perceberam que o marcador biológico estava presente em mais pessoas do sexo masculino do que do feminino, especialmente nos pulmões.

Embora a enzima esteja presente em diversos locais do organismo, os cientistas acreditam que a presença dela nos pulmões seja o principal fator para agravar a situação.

O estudo é o primeiro a ser realizado sobre o tema e, ainda que não explique a razão pela qual o biomarcador pode influenciar na contração do vírus, é uma das pesquisas mais abrangentes sobre a relação entre problemas cardiovasculares e a covid-19.

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