Hidroxicloroquina: medicação não é recomendada por cientistas (Getty/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 09h17.
Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 09h17.
A hidroxicloroquina não diminui a mortalidade em casos do novo coronavírus e, quando combinada com o antibiótico azitromicina, pode aumentar a mortalidade em até 27%, segundo um novo estudo publicado no jornal científico Clinical Microbiology and Infection. A pesquisa foi feita usando a técnica de metanálise, quando diversos estudos são analisados para chegar a uma conclusão.
Para os autores do estudo, a hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento da covid-19 quando administrada sozinha e a combinação com a azitromicina pode ser muito perigosa para os pacientes. "Os dados apoiam as recomendações de órgãos que não indicam o uso da medicação no tratamento do vírus", disseram os autores do estudo.
Os pesquisadores analisarem 29 estudos sobre os efeitos da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento do SARS-CoV-2, com ou sem a azitromicina.
Dos estudos, três foram randômicos e tiveram grupo de controle (quando uma parte dos pacientes é tratada com placebo), 25 foram observacionais, sendo que 11 tinham um risco "crítico de viés" e, por isso, foram excluídos da análise final.
Por fim, dados de 11.932 pacientes usando hidroxicloroquina contra a covid-19 foram pesquisados, outros 8.081 usavam a combinação com a azitromicina e 12.930 não receberam nenhuma das duas medicações. "Esses resultados confirmam que a combinação de azitromicina com a hidroxicloroquina pode aumentar o risco de quadros ameaçadores cardiovasculares", disseram os pesquisadores.
No mês passado o maior estudo brasileiro feito sobre a medicação mostrou que nem o uso dela sozinha, nem combinada com a azitromicina teve algum benefício em relação ao tratamento padrão para os casos do vírus. Segundo os pesquisadores, a hidroxicloroquina não reduziu a mortalidade do vírus e, em 15 dias, o número de óbitos para quem tomou a medicação foi parecido com o dos outros tratamentos.
Também em julho, cientistas da Universidade de Oxford afirmaram que a medicação não tem benefícios contra o vírus e que também é responsável pelo agravamento da doença e pela morte de alguns pacientes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a hidroxicloroquina da lista de medicamentos recomendados para o tratamento da covid-19 e o uso dela é desencorajado pela comunidade científica mundial, exatamente pela quantidade de estudos que mostram como o remédio pode ser prejudicial para a saúde dos infectados.
Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.