Ciência

Gripe comum pode ter ajudado a desenvolver anticorpos contra covid-19

Pesquisa nos Estados Unidos aponta que uma subunidade do covid-19 é identifica ao vírus da gripe comum e isso pode ajudar na criação de anticorpos

Gripe: doença pode estar ajudando na criação de anticorpos para enfrentar o novo coronavírus (Boris Zhitkov/Getty Images)

Gripe: doença pode estar ajudando na criação de anticorpos para enfrentar o novo coronavírus (Boris Zhitkov/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 13h53.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 15h35.

Um estudo realizado no Centro Médico da Universidade de Rochester (URMC), nos Estados Unidos, aponta que pessoas que já contraíram alguns tipos de gripe no passado podem estar mais protegidas contra o novo coronavírus. De acordo com os cientistas, as gripes podem ter criado um tipo de proteção para dificultar a infecção do SARS-CoV-2.

A pesquisa, publicada na revista científica mBio, aponta que qualquer pessoa que tenha sido infectada por um coronavírus comum (o que contabiliza praticamente todo mundo) pode ter algum grau de imunidade pré-existente à covid-19.

"Quando examinamos amostras de sangue de pessoas que estavam se recuperando de covid-19, parecia que muitas delas tinham uma seleção pré-existente de células B de memória que podiam reconhecer o vírus e produzir rapidamente anticorpos que poderiam atacá-lo", relatou Mark Sangster, autor do estudo e professor de Microbiologia e Imunologia da URMC.

O estudo se baseia em uma comparação de amostras de sangue de 26 pacientes que estavam se recuperando do novo coronavírus com 21 amostras obtidas por doadores saudáveis 10 anos atrás – bem antes do vírus da covid-19 começar a circular no mundo.

Os resultados mostram que uma proteína chamada de Spike, presente nas células B age um pouco diferente em cada coronavírus. Uma subunidade desta proteína permanece idêntica em todos os tipos. Desta forma, os anticorpos adquiridos anteriormente não teriam problemas para combater esta subunidade do vírus.

Os estudos ainda são bem iniciais e não mostram o nível de proteção fornecido pelas células B de memória reativa e como isso pode afetar as chances de cura de um paciente infectado pelo vírus SARS-CoV-2. A próxima etapa do estudo é investigar esses padrões para, até mesmo, em estudos que medem a eficácia das vacinas contra o novo coronavírus.

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