Cérebro: o estudo diz que a perda de inteligência pode estar relacionada à gordura corporal (iLexx/Getty Images)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 05h55.
Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às 06h55.
São Paulo — Recentemente, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, apontou uma relação entre a quantidade de músculos e de gordura corporal e a capacidade de pensamento, conforme os seres humanos envelhecem. Por meio da análise da massa corporal de 4 mil participantes do Reino Unido, os pesquisadores conseguira estabelecer uma relação entre ela e a inteligência humana.
Liderada pelo professor de nutrição humana e ciência de alimentos Auriel Willette, a pesquisa acompanhou, por seis anos, indivíduos de meia-idade e idosos. Os cientistas mediram a massa muscular magra, a gordura abdominal e a gordura subcutânea, além da inteligência dos participantes. Juntamente com o doutorando em neurociência Brandon Klinedinst, seu parceiro de estudo, Willette descobriu que pessoas entre 40 e 50 anos com maior gordura corporal tinham menos inteligência fluida quando envelheciam.
Segundo Willette, fatores externos — como idade, educação e classe socioeconômica — não alteravam os resultados: "A idade cronológica não parece ser um fator na inteligência fluida que diminui ao longo do tempo. O fator relevante parece ser a idade biológica, que, neste caso, é determinada pelas quantidades de gordura e de músculos", complementou para a revista EurekAlert.
Portanto, uma maneira de reverter o quadro é a realização de rotinas de exercícios, que ajudariam os indivíduos de meia-idade a manterem sua massa muscular. Estudos anteriores diziam que pessoas com maior índice de massa corporal (ou IMC), apresentavam maior atividade do sistema imunológico na corrente sanguínea.
Para identificar se as mudanças do sistema explicariam a relação entre a gordura e a inteligência, os cientistas submeteram mulheres e homens a testes sanguíneos. No entanto, nada no sangue de ambos os gêneros foi identificado como um fator de mudança.
Apesar disso, de acordo com Klinedinst, ainda não está claro se a relação tem qualquer efeito sobre a probabilidade de os indivíduos desenvolverem Alzheimer: "Mais estudos seriam necessários para verificar se pessoas com menos massa muscular e mais gordura têm maior probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer e qual é o papel do sistema imunológico nisso. Se você comer bem e, pelo menos, fizer uma caminhada rápida algumas vezes por semana, isso pode ajudá-lo a manter-se mentalmente ágil", complementou o estudante de doutorado.