Ciência

Geoengenharia para alterar clima fica mais perto da realidade

A chamada geoengenharia é vista como necessária para atingir as metas do acordo de Paris da COP21 fechado em dezembro

Acordo de Paris: “Dentro do acordo de Paris há uma presunção implícita de que será necessário que os gases causadores do efeito estufa sejam removidos” (Kacper Pempel/Reuters)

Acordo de Paris: “Dentro do acordo de Paris há uma presunção implícita de que será necessário que os gases causadores do efeito estufa sejam removidos” (Kacper Pempel/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 18h32.

Última atualização em 10 de novembro de 2017 às 17h41.

Londres - Um órgão das Nações Unidas está investigando métodos controversos para evitar uma mudança climática desenfreada dando sinal verde aos humanos para manipular os oceanos e a atmosfera da Terra.

A chamada geoengenharia é vista como necessária para atingir as metas do acordo de Paris da COP21 fechado em dezembro, quando 197 países prometeram manter os aumentos das temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius, segundo os pesquisadores que produziram um relatório para a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU.

“Dentro do acordo de Paris há uma presunção implícita de que será necessário que os gases causadores do efeito estufa sejam removidos”, disse Phil Williamson, cientista da Universidade de East Anglia do Reino Unido, que trabalhou no relatório.

“O que os países concordaram em fazer é geoengenharia climática, embora não tenham percebido de fato que concordaram em fazer isso.”

A geoengenharia em grande escala pode incluir a colocação de nutrientes nos oceanos para salvar os habitats dos corais ou a pulverização de partículas minúsculas na atmosfera da Terra para refletir os raios de sol de volta para o espaço.

As propostas da geoengenharia têm sido evitadas devido às suas consequências imprevisíveis sobre os ecossistemas globais.

Perigoso, caro

A Universidade de East Anglia divulgou um estudo em fevereiro que concluiu que as ideias da geoengenharia eram perigosas, caras ou irrealistas.

A Convenção sobre Diversidade Biológica abordou a geoengenharia com cautela, buscando restringir o desenvolvimento, a menos que haja uma efetiva governança global, disse Williamson.

“Os riscos de ter desequilíbrios locais no clima são muito altos, não temos muita certeza de como a aplicação se sairia”, disse Williamson.

“Se houver uma catástrofe climática, uma inundação ou uma tempestade, a acusação será de que foi resultado da ação na atmosfera.”

No entanto, algumas pessoas estão mudando de ideia ao serem confrontadas com a escala dos problemas de mudança climática a serem resolvidos.

O relatório de segunda-feira deixa claro que embora a geoengenharia ainda acarrete riscos ambientais, políticos e econômicos, vale a pena considerá-la, desde que as consequências potencialmente não intencionais possam ser identificadas e minimizadas.

A captura e a armazenagem de carbono são uma das opções mais viáveis para o futuro, disse Williamson.

Os custos das máquinas que sugam dióxido de carbono do ar, método conhecido como captura de ar direta, estão caindo à medida que a tecnologia se torna mais eficiente.

O governo da Noruega recentemente comprometeu US$ 160 milhões com o financiamento de projetos para a coleta de poluição de três polos industriais e estenderá seu programa de pesquisa.

Os líderes mundiais se reunirão em Marrakesh, no Marrocos, de 7 a 20 de novembro na conferência COP22, para definir mais detalhes a respeito da implementação do acordo climático e discutir planos concretos.

Até o momento, 87 países ratificaram o acordo de Paris, incluindo China, EUA e a União Europeia. Ele entrará em vigor em 4 de novembro.

O relatório sobre geoengenharia será apresentado na conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU em Cancún, no México, em dezembro.

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