Ciência

Gelo da Groenlândia derrete em velocidade recorde em 12 mil anos

No ano passado, a camada de gelo perdeu mais de 500 bilhões de toneladas, um recorde desde o início da coleta de dados por satélites

Degelo: uma elevação de apenas algumas dezenas de centímetros teria um efeito potencialmente devastador nas áreas costeiras do planeta (NOOA/Divulgação)

Degelo: uma elevação de apenas algumas dezenas de centímetros teria um efeito potencialmente devastador nas áreas costeiras do planeta (NOOA/Divulgação)

A

AFP

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 21h13.

O degelo da Groenlândia fará com que o nível do mar suba de maneira nunca vista nos últimos 12 mil anos, mesmo se as mudanças climáticas forem contidas, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (30).

A pesquisa, publicada pela revista Nature, é baseada em amostras de gelo e modelos que permitiram reconstruir pela primeira vez a história do degelo durante todo o Holoceno, era geológica que começou há 11.700 anos.

O estudo também concluiu que, se as emissões de gases do efeito estufa continuarem na mesma taxa, a camada de gelo de vários quilômetros poderia ser reduzida em 36 trilhões de toneladas entre os anos de 2000 e 2100, o que significaria um aumento do nível dos oceanos de 10 cm.

Até o final da década de 1990, essa enorme camada de gelo ganhava massa graças à queda de neve e a perdia no verão com o aumento das temperaturas. Esse equilíbrio, no entanto, foi perdido com a aceleração das mudanças climáticas.

No ano passado, a camada perdeu mais de 500 bilhões de toneladas, um recorde desde o início da coleta de dados por satélites, que foi responsável por 40% da elevação do nível do mar em 2019.

A menos que a humanidade corte radicalmente as emissões de gases do efeito estufa, isso poderia ser o "novo normal", segundo o principal autor do estudo, Jason Briner, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos.

"Quaisquer que sejam as futuras emissões de CO2, a camada de gelo da Groenlândia perderá mais massa durante este século do que durante os períodos mais quentes dos últimos 12 mil anos", explicou ele à AFP.

Uma elevação de apenas algumas dezenas de centímetros teria um efeito potencialmente devastador nas áreas costeiras do planeta.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalClimaMudanças climáticas

Mais de Ciência

Cientistas encontram cristais de água que indicam possibilidade de vida em Marte

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos